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Vivendo de renda: quanto é preciso e por onde começar

Quem já sonhou em ficar vivendo de renda geralmente está à procura de ter mais tempo para si, para a família e os amigos. São pessoas que querem aprender novas habilidades, tentar novas experiências ou, até mesmo, empreender em um ramo diferente.  

Mas o que é preciso para ficar vivendo de renda e alcançar a independência financeira? Para responder essa pergunta é necessário, antes, definir qual o tipo de vida que você almeja. 

Neste texto, você vai descobrir como começar a investir para ficar vivendo de renda, se é possível para você e quais são os primeiros passos para iniciar essa sua nova etapa.

O que significa estar vivendo de renda?

Estar vivendo de renda significa gerar um fluxo de recursos financeiros a partir de ativos ou investimentos, sem a necessidade de trabalhar ativamente para obter uma compensação direta por horas ou serviços prestados.

Em vez de depender de um salário ou de uma atividade profissional contínua, uma pessoa que consegue ficar vivendo de renda tem sua manutenção financeira garantida por meio de fontes passivas, como juros de investimentos, aluguéis de propriedades, dividendos de ações ou outras formas de rendimento obtidas por meio de patrimônio acumulado.

Principais características

A principal característica dessa situação é a independência da pessoa em relação ao trabalho remunerado. A renda proveniente de ativos não requer o esforço constante de alguém, já que ela é gerada automaticamente a partir das propriedades ou investimentos que a pessoa possui. Isso implica que a pessoa pode optar por dedicar seu tempo a atividades não remuneradas, como lazer, estudos, viagens ou projetos pessoais, uma vez que suas fontes de renda não dependem de um esforço diário direto.

A possibilidade de ficar vivendo de renda exige uma acumulação prévia de patrimônio. Não se trata de um estilo de vida alcançado da noite para o dia, mas de um planejamento financeiro a longo prazo. A pessoa que deseja viver de renda precisa ter investido de maneira estratégica ao longo dos anos, de forma a gerar um volume de recursos suficientes para cobrir suas despesas pessoais.

Esse processo envolve tanto uma boa escolha de ativos quanto uma gestão prudente do patrimônio para garantir que a renda gerada seja estável e suficiente ao longo do tempo.

Entretanto, viver de renda não significa que a pessoa esteja livre de responsabilidades ou de gestão. Embora o trabalho direto seja substituído por uma gestão mais estratégica do patrimônio, é necessário acompanhar os investimentos, avaliar o desempenho dos ativos e realizar ajustes quando necessário.

Para quem vive de renda, a principal tarefa é garantir que o patrimônio continue gerando a receita necessária para manter seu estilo de vida.

É possível ficar vivendo de renda?

A menos que você herde uma grande quantia ou ganhe na loteria, a maior parte da sua vida profissional será dedicada a uma renda ativa. Isso significa que seu patrimônio será principalmente formado pelo trabalho, seja ele constante ou pontual.

Contudo, com um planejamento financeiro de longo prazo bem estruturado, há a possibilidade de sua renda passiva, ao longo do tempo, se igualar ou até mesmo superar a renda ativa.

Para atingir esse objetivo, é necessário ter foco e disciplina na execução desse planejamento. Mas, antes disso, é fundamental desmistificar algumas crenças erradas frequentemente encontradas no universo dos investimentos.

#1 Investir pouco não adianta nada

Uma das ideias mais comuns e prejudiciais às finanças é a de que investir com pouco dinheiro não vale a pena.

Além de ser um equívoco, essa ideia vai contra o que especialistas recomendam. Não importa se você está apenas começando sua carreira e tem uma renda limitada. O essencial é iniciar cedo a construção de reservas financeiras para garantir o acúmulo de patrimônio ao longo da vida.

O importante, independentemente do valor, é definir um valor mensal a ser guardado, o que ajudará a criar uma rotina de investimentos. Com o tempo, você poderá aumentar suas reservas, tanto pelo aumento dos aportes conforme sua remuneração cresce, quanto pelos juros compostos, que exercem um efeito multiplicador positivo sobre o patrimônio.

Quando alguém consegue ficar vivendo de renda?

Para entender quando isso é possível, é preciso considerar em que estágio da formação de patrimônio a pessoa se encontra. De modo geral, existem três fases principais na trajetória profissional até a aposentadoria: acumulação, multiplicação e fruição.

Acumulação

Na fase de acumulação, o patrimônio está sendo formado, mas as reservas ainda são pequenas. O primeiro passo, nesta fase, é constituir uma reserva de emergência, para cobrir imprevistos financeiros.

Não há um valor fixo para essa reserva, pois ela deve ser ajustada ao padrão de gastos de cada pessoa. Uma vez formada essa reserva, o próximo passo é pensar na diversificação da carteira de investimentos, o que ajuda a aumentar as chances de retorno e reduzir os riscos.

Multiplicação

Já na fase de multiplicação, é comum que o investidor busque diversificar ainda mais seus ativos. Com mais recursos disponíveis, ele procura maneiras de potencializar seus rendimentos, ao mesmo tempo em que toma cuidados para preservar o que já foi conquistado.

Fruição

Por fim, na fase de fruição, o objetivo principal do investidor passa a ser proteger o patrimônio acumulado e aproveitar seus frutos. É nessa fase que a renda passiva começa a se tornar mais significativa no orçamento, desde que os investimentos estejam gerando esse tipo de retorno.

Passo a passo para poder ficar vivendo de renda

Antes de mais nada, faça um planejamento financeiro

O planejamento financeiro é essencial para quem quer viver de renda. Com o planejamento, você consegue detalhar todos os seus gastos mensais e estipular qual a renda mensal necessária para viver. A partir daí, é possível determinar a quantia de dinheiro que você precisa investir.

O conceito é simples, mas o processo de projeção pode ser desafiador. Para ilustrar, vamos usar um exemplo hipotético.

Exemplo #1

Suponha que você deseje ter uma renda de R$ 10.000 por mês quando se aposentar. Porém, ao considerar o valor que receberá do INSS e da sua previdência privada, o total de rendimentos mensais seria de R$ 5.000 (ou R$ 60.000 anuais). Portanto, você precisará buscar a diferença em algum investimento que gere a renda passiva necessária.

Agora, é importante calcular os juros reais aproximados que seus investimentos poderão gerar. Os juros reais são os juros descontados da inflação.

Suponha que, até o momento da aposentadoria, a inflação média anual seja de 4% e a taxa média dos seus investimentos seja de 8% ao ano. Isso significa que os juros reais que você obterá serão de 4% ao ano.

Vejamos o cálculo:

  • Renda passiva anual necessária: R$ 60.000
  • Juros reais médios dos investimentos: 4% ao ano (0,04)

Patrimônio necessário: R$ 60.000 / 0,04 = R$ 1.500.000

Ou seja, com uma taxa média de juros reais de 4% ao ano, você precisará acumular um patrimônio de R$ 1.500.000 para gerar uma renda passiva de R$ 5.000 mensais ao se aposentar.

É importante observar que fatores como a inflação, a taxa de juros e outras variáveis do mercado podem mudar significativamente até o momento da aposentadoria.

Não é possível prever com exatidão a periodicidade ou a intensidade dessas mudanças. Portanto, o ideal é adotar uma estratégia de investimentos de longo prazo e revisá-la regularmente, a fim de verificar se ela continua alinhada com seus objetivos.

Por exemplo, em períodos de alta de juros, existem opções atrativas e seguras na renda fixa. Por outro lado, quando o mercado de ações está em alta, e desde que seu perfil de risco seja adequado, há boas alternativas em ações, fundos imobiliários e outros ativos de renda variável.

Crie o hábito de investir

Nos primeiros anos de carreira, pode ser desafiador estabelecer o hábito de investir. No entanto, ao desenvolver disciplina e investir com regularidade, o crescimento do seu patrimônio se acelera ao longo do tempo.

É importante ressaltar que, para que sua estratégia financeira seja eficaz, escolher investimentos adequados é fundamental, como veremos em breve.

Aprenda sobre investimentos e mantenha-se bem informado sobre o mercado

Para tomar boas decisões, é essencial entender as alternativas de investimento que se alinham ao seu perfil e aos seus objetivos financeiros. Não é necessário ser um especialista em finanças, mas é importante ter uma base sólida sobre indicadores financeiros e variáveis macroeconômicas, como inflação, taxa de juros e câmbio.

Além disso, acompanhar os principais acontecimentos do mercado financeiro permitirá que você avalie o desempenho dos seus investimentos e faça ajustes quando necessário.

Na hora de investir, diversificar é tudo

Diversificar os seus investimentos é fundamental para quem quer viver de renda. Isso porque a diversificação do seu portfólio de investimentos diminui muito as chances de você perder seu dinheiro aplicado, tanto em momentos de crise como de normalidade, reduzindo os prejuízos em potencial.

Além de ser uma medida de prevenção, diversificar permite que você aproveite mais as oportunidades de investimento que surgem, desde que parte do seu dinheiro aplicado esteja em ativos com alta liquidez.

Mas o que é liquidez? Resumidamente, liquidez é a facilidade que você tem para movimentar o seu dinheiro. Exemplos de investimentos que oferecem alta liquidez são a poupança e o Tesouro Direto Selic. 

Por outro lado, ativos com alta liquidez costumam oferecer rendimentos muito menores. É por isso que a diversificação é tão importante: ela abre o leque de oportunidades, para que você consiga manter um colchão de segurança enquanto busca por maiores rentabilidades.

Como montar seu portfólio de investimentos para viver de renda

Todo portfólio de investimentos conta com dois tipos de ativos: os de renda fixa e os de renda variável. Para viver de renda, você precisará combinar ambos com maestria, então precisa entender a fundo qual a diferença entre eles.

Renda Fixa

A renda fixa é o porto seguro para quem quer viver de renda. Além de dar previsibilidade, um fator essencial para fazer um planejamento financeiro robusto, a renda fixa garante que seus rendimentos não sofrerão grandes perdas inesperadas, como em tempos de turbulência nos mercados.

E se você quiser viver de renda no longo prazo, é preciso ficar muito atento a isso: a inflação é como se fosse uma doença da moeda. Ela corrói o valor real do dinheiro, fazendo com que uma cédula hoje tenha um valor menor do que a mesma cédula ontem. 

Tesouro Direto

Tendo em vista que para viver de renda você precisa ter um estoque de dinheiro trabalhando para você, é extremamente importante garantir que sua renda não seja corroída pela inflação, e uma boa opção de renda fixa para isso é o Tesouro IPCA+

O Tesouro IPCA+ oferece uma renda pré-fixada mais o valor do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o indicador de inflação calculado pelo IBGE. Desta forma, como os rendimentos de Tesouro são atrelados ao IPCA, você garante que o dinheiro investido não será corroído pela inflação.

Comprar títulos de longa data e com juros semestrais também é uma boa opção para quem quer viver de renda. Os títulos de longa data oferecem um “prêmio de risco”, ou seja, uma rentabilidade maior para você manter seu dinheiro aplicado.

E diferentemente dos outros títulos, que só oferecem um retorno na data do vencimento, os títulos com juros semestrais pagam uma parcial do rendimento a cada 6 meses. Desta forma, você que vive de renda consegue complementar sua receita semestralmente e comprar títulos com prazos muito alongados, a partir de 2030, por exemplo.

Renda Variável

Se a renda fixa é um porto seguro, a renda variável é a bateria de ataque para quem busca viver de renda. Isso porque com maiores riscos e incertezas vêm, também, maiores juros e lucros. 

Para viver de renda investindo apenas em aplicações seguras de renda fixa, você precisa ter um estoque muito grande de dinheiro aplicado. Se esse não for o seu caso, você vai precisar ter uma parte do seu dinheiro investido em rendas variáveis, pois é isso que dará o impulso necessário à rentabilidade dos seus investimentos para você poder viver de renda.

Como o próprio nome diz, a renda variável costuma ter uma flutuação muito grande nos rendimentos mensais, então em alguns momentos você terá perdas grandes e, em outros, poderá recompor a renda de um ano inteiro em poucos dias. 

É importante ter isso em mente para não vender ativos historicamente sólidos, mas que se desvalorizaram muito em pouquíssimo tempo devido a uma virada inesperada nos mercados. Um erro de cálculo nessas horas pode acabar com sua estratégia e, consequentemente, com o seu sonho de viver de renda.

Na hora de buscar ações de empresas, por exemplo, quem quer viver de renda deve priorizar as que pagam dividendos. Assim como os títulos públicos com juros semestrais, o pagamento de dividendos atua de forma paralela à valorização dos ativos, funcionando na prática como um complemento à sua renda. 

Além disso, o rendimento vindo de dividendos fica isento de Imposto de Renda, um ponto importantíssimo para maximizar seus ganhos.

Diversificação na renda variável

Como nós falamos no tópico anterior, diversificar é uma estratégia essencial para viver de renda. Na diversificação do seu portfólio de ativos de risco, é importante, por exemplo, comprar papéis de setores diferentes da economia. 

Se você vai investir em uma empresa exportadora de commodities, que valoriza bastante quando o dólar sobe, busque paralelo a isso investir em uma empresa fora do mercado de commodities, ou que não seja atingida por reviravoltas no cenário exterior.

Ademais, tendo em vista que o investimento para viver de renda foca no longo prazo, é importante sempre priorizar as empresas mais tradicionais, aquelas que possuem uma trajetória mais longa e um caixa robusto

Quando ocorrer um “cisne negro”, ou seja, um evento que ninguém poderia prever e que derruba todos os ativos, é melhor ter em mãos um papel que não estava rendendo tanto, mas de uma empresa sólida, do que um papel com maiores rendimentos de uma empresa de maior risco. 

Isso porque a chance do papel da empresa sólida retornar ao patamar pré-crise é muito maior do que o papel da empresa de risco. Pior, a depender do impacto que essa empresa sofrer, é capaz dos papéis desvalorizarem mais ainda após a crise, gerando danos irreversíveis à sua capacidade de viver de renda.

Portanto a renda variável é uma ferramenta potente para sua estratégia de investimento e, se você quiser mesmo viver de renda, com certeza terá que utilizá-la. A questão chave, aqui, é balancear o quanto você deve investir em renda fixa e em renda variável, e como deve diversificar seu portfólio de investimentos de risco.

Conclusão

Como falamos no início, para viver de renda você precisará ter muita paciência e investir sempre que puder, mesmo que seja de pouquinho em pouquinho. O objetivo é de longo prazo, mas o prêmio é grande e todo seu esforço certamente valerá à pena. 

Com o passar do tempo esse processo ficará cada vez mais fácil, também. Você conseguirá investir em aplicações de maior risco com confiança de que é a medida certa a ser tomada. A partir daí, os seus rendimentos deslancham, encurtando bastante o tempo necessário até começar a viver de renda.

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