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O que é CRI e como esse investimento funciona

Você já ouviu falar em Certificado de Recebíveis Imobiliários, mais conhecido como CRI? 

Se ainda não, está na hora de conhecer esse instrumento financeiro que tem ganhado espaço no mercado de investimentos. Os CRIs representam uma forma de investir no mercado imobiliário de maneira diferente das tradicionais aquisições de imóveis físicos.

É uma alternativa atrativa para quem busca diversificar sua carteira e obter retornos sólidos a partir do setor imobiliário, sem necessariamente adquirir propriedades físicas.

Esses certificados têm despertado interesse não apenas entre investidores experientes, mas também entre aqueles que buscam oportunidades de investimento com rendimentos elevados. 

No entanto, compreender como os CRIs funcionam e como investir de forma eficaz pode ser a virada de chave para finalmente ter sucesso nesse mercado. Neste guia, vamos explorar o que exatamente são os CRIs, como eles operam e o que os torna uma opção interessante para quem deseja diversificar e expandir seus investimentos no mercado imobiliário brasileiro.

O que é CRI

Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) são títulos de renda fixa lastreados em créditos provenientes de operações do mercado imobiliário. Em linhas gerais, eles representam uma forma de securitização de recebíveis oriundos de financiamentos concedidos por instituições financeiras para projetos imobiliários, como construção e desenvolvimento de empreendimentos residenciais, comerciais ou industriais.

Esses financiamentos normalmente são concedidos por instituições financeiras, como bancos, a incorporadoras imobiliárias, construtoras ou até mesmo empresas de infraestrutura. Com o intuito de liberar capital para novos empreendimentos, as instituições financeiras vendem esses créditos para uma securitizadora, que por sua vez emite os CRIs. Assim, os investidores que adquirem esses certificados passam a ser credores dos fluxos de pagamento gerados por esses financiamentos imobiliários.

Lastro

É importante ressaltar que os CRIs são lastreados em ativos reais, ou seja, nos créditos imobiliários que os originaram. Diferentemente de outros tipos de títulos de renda fixa, como os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) e as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), que são lastreados em empréstimos concedidos pelos próprios bancos, os CRIs são lastreados em créditos específicos vinculados a projetos imobiliários. Isso confere uma característica de alta segurança aos CRIs, uma vez que, em caso de inadimplência dos devedores, os investidores podem ter direito de executar as garantias associadas aos créditos imobiliários subjacentes.

Públicos

Além disso, os CRIs são instrumentos financeiros que oferecem uma série de vantagens tanto para os empreendedores imobiliários quanto para os investidores. 

Para os empreendedores, os CRIs representam uma alternativa de financiamento com custos muitas vezes mais baixos do que os empréstimos tradicionais, além de possibilitarem a liberação de capital para investimentos futuros. 

Já para os investidores, os CRIs oferecem a oportunidade de diversificação da carteira de investimentos, uma vez que representam uma exposição indireta ao mercado imobiliário, e ainda podem proporcionar retornos atrativos, tanto em termos de taxas de juros quanto de valorização dos ativos.

Tipos de CRI

Existem diversos tipos de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), cada um com características específicas que atendem às necessidades tanto dos emissores quanto dos investidores. A diversificação desses títulos permite que o mercado ofereça opções adequadas para diferentes perfis de investidores e estratégias de investimento. Abaixo, vamos explorar alguns dos principais tipos de CRIs disponíveis no mercado:

CRIs de lastro simples

Este é o tipo mais comum de CRI, no qual os pagamentos aos investidores são lastreados diretamente nos recebíveis imobiliários, como os fluxos de aluguéis ou prestações de financiamentos imobiliários. Os CRIs de lastro simples são considerados menos complexos, pois o investidor recebe os pagamentos de forma direta, sem a necessidade de estruturas adicionais.

CRIs de lastro duplo

Neste tipo de CRI, os pagamentos aos investidores são lastreados tanto nos recebíveis imobiliários quanto em outras garantias adicionais, como fianças bancárias ou seguros. Isso proporciona uma camada adicional de segurança aos investidores, reduzindo o risco de inadimplência e aumentando a atratividade do título.

CRIs lastreados em fluxo de aluguel

Esses CRIs são lastreados nos fluxos de aluguel gerados por imóveis comerciais, industriais ou residenciais. Os investidores recebem pagamentos periódicos correspondentes aos aluguéis cobrados dos locatários dos imóveis, proporcionando uma fonte estável de renda.

CRIs lastreados em financiamentos imobiliários

Esse tipo de CRI é lastreado nos pagamentos de financiamentos concedidos para a aquisição de imóveis residenciais ou comerciais. Os investidores recebem pagamentos periódicos correspondentes às prestações dos financiamentos, incluindo juros e amortização do principal.

CRIs lastreados em recebíveis de construção

CRIs lastreados nos recebíveis gerados durante a fase de construção de empreendimentos imobiliários, como vendas de unidades na planta ou pagamentos de construtoras e incorporadoras. Os investidores podem receber pagamentos periódicos durante o período de construção e/ou na conclusão do empreendimento.

Esses são apenas alguns exemplos dos tipos de CRIs disponíveis no mercado. Cada um desses tipos possui características específicas em termos de lastro, fluxo de pagamentos, prazos e riscos associados, o que permite aos investidores diversificarem suas carteiras de acordo com suas preferências e objetivos de investimento. 

É importante que os investidores compreendam as características de cada tipo de CRI antes de realizar seus investimentos, buscando assim maximizar seus retornos e gerenciar seus riscos de forma eficaz.

Como o CRI funciona

O funcionamento do Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) é um processo que se desdobra em diversas etapas intricadas. 

Tudo começa com a originação dos créditos imobiliários, que representam os recebíveis provenientes de transações no mercado imobiliário, como financiamentos para construções ou aquisições de empreendimentos. Esses créditos são então transferidos para uma securitizadora, uma entidade especializada em transformar esses ativos em investimentos financeiros.

A securitizadora adquire os créditos e os agrupa em uma carteira, que serve de lastro para a emissão dos CRIs. Estes, por sua vez, são títulos de renda fixa que representam os direitos sobre os recebíveis imobiliários. 

A emissão dos CRIs ocorre por meio de uma oferta pública, na qual investidores interessados podem adquirir os certificados, tornando-se credores dos fluxos de pagamento gerados pelos créditos imobiliários.

Os investidores que adquirem os CRIs têm o direito de receber pagamentos periódicos, que são compostos por juros, amortizações e/ou rendimentos provenientes dos recebíveis. 

Durante a vigência dos CRIs, a securitizadora fica responsável pela gestão e administração desses títulos, assegurando que os investidores recebam seus pagamentos de forma adequada e oportuna.

Vantagens de investir em CRIs

Investir em CRIs pode ser uma estratégia interessante para quem busca diversificar sua carteira e obter retornos sólidos no mercado financeiro. 

Eles oferecem uma série de vantagens, como isenção de imposto de renda e segurança proporcionada pelos ativos lastreados em garantias reais. No entanto, é importante considerar também as possíveis desvantagens, como a questão da liquidez e o valor de investimento inicial elevado. 

Nesta seção, vamos falar sobre as vantagens e desvantagens do investimento em CRIs, para ajudar os investidores a tomar decisões informadas e equilibradas em relação a esse tipo de ativo financeiro.

Isenção de imposto de renda 

Uma das principais vantagens associadas a esse tipo de investimento reside na isenção de imposto de renda. 

Enquanto muitos investimentos são sujeitos a alíquotas de imposto de renda que podem chegar a 15%, os CRIs, mesmo com prazos de vencimento mais longos que ultrapassam dois anos, não sofrem retenção de imposto de renda sobre os rendimentos. 

Isso significa que a rentabilidade bruta do investimento é equivalente à rentabilidade líquida, garantindo que o valor total dos rendimentos seja entregue integralmente ao investidor.

Segurança 

Além da isenção de imposto de renda, outra vantagem significativa dos CRIs é a segurança oferecida por esses títulos. Em comparação com debêntures, por exemplo, os CRIs possuem uma segurança superior, uma vez que são lastreados em um bem ou ativo específico vinculado à securitizadora. Isso proporciona uma camada adicional de proteção aos investidores.

Rentabilidade 

A rentabilidade dos CRIs também é um atrativo, pois muitos deles oferecem rendimentos indexados a índices como taxa prefixada, IPCA mais juros, IGP-M mais juros, Selic ou CDI. 

Essas taxas indexadas podem ser bastante atrativas, com alguns CRIs chegando a oferecer rendimentos superiores a 1% ao mês. Além disso, os pagamentos periódicos de juros podem ocorrer mensalmente, semestralmente ou apenas no vencimento do título, oferecendo aos investidores a oportunidade de construir uma fonte de renda estável ao longo do tempo.

Desvantagens de investir em CRIs

Porém, é importante considerar algumas desvantagens dos CRIs, como a questão da liquidez e o valor de investimento inicial elevado. 

Eles geralmente são negociados a preços superiores a R$ 1.000, o que pode dificultar a entrada de investidores de varejo. Além disso, devido aos prazos de vencimento longos, pode ser necessário negociar o papel no mercado secundário caso o investidor precise resgatar seus recursos antes do vencimento. 

Embora as garantias oferecidas pelos CRIs sejam superiores às das debêntures, por exemplo, elas ainda são inferiores à garantia oferecida por investimentos como Letras de Crédito Imobiliário (LCI), que contam com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

Quais são os riscos dos CRIs e como mitigá-los?

Os CRIs, apesar de apresentarem diversas vantagens, não estão isentos de riscos. É essencial que os investidores estejam cientes desses riscos e adotem estratégias para mitigá-los. Por isso, nessa seção, vamos explorar os principais riscos associados aos CRIs e como é possível reduzir sua exposição a eles.

Risco de crédito

Um dos principais riscos associados aos CRIs é o risco de crédito, que se refere à possibilidade de inadimplência por parte dos devedores dos recebíveis imobiliários. Para mitigar esse risco, realize uma análise criteriosa da qualidade dos recebíveis e da solidez financeira dos emissores dos CRIs. Investir em CRIs emitidos por instituições financeiras sólidas e/ou com garantias adicionais pode ajudar a reduzir a exposição ao risco de crédito.

Risco de mercado

Os CRIs estão sujeitos a flutuações no mercado financeiro, o que pode afetar seu valor de mercado e os retornos dos investidores. O risco de mercado pode ser mitigado diversificando a carteira de investimentos e mantendo uma estratégia de investimento de longo prazo. Além disso, é importante avaliar a sensibilidade dos CRIs a variáveis macroeconômicas, como taxas de juros e inflação, e ajustar a alocação de recursos conforme as condições de mercado.

Risco de liquidez

Os CRIs geralmente têm prazos de vencimento longos e podem ter baixa liquidez no mercado secundário, o que significa que pode ser difícil vender os títulos antes do vencimento caso o investidor precise resgatar seus recursos. Nesse caso, para diminuir o risco de liquidez, é importante avaliar cuidadosamente o prazo de vencimento dos CRIs e sua necessidade de liquidez antes de investir. Além disso, diversificar a carteira de investimentos com ativos de diferentes níveis de liquidez pode ajudar a garantir uma maior flexibilidade financeira.

Risco de concentração

Investir em um único CRI ou em um setor específico do mercado imobiliário pode aumentar o risco de concentração da carteira de investimentos. Para mitigar esse risco, é recomendável diversificar a carteira de CRIs por emissores, tipos de lastro, prazos de vencimento e regiões geográficas. Isso ajuda a reduzir a exposição a eventos específicos que possam afetar um único CRI ou setor imobiliário.

Como começar a investir em CRI

Investir em CRIs pode ser uma estratégia atrativa para diversificar sua carteira e obter retornos sólidos no mercado financeiro. Se você está interessado em iniciar seus investimentos nesse setor aqui estão alguns passos importantes a serem considerados:

Educação financeira

Antes de começar a investir em CRIs, obtenha uma compreensão sólida sobre como esses títulos funcionam, seus riscos e benefícios. Busque informações em livros, cursos, artigos e consulte profissionais do mercado financeiro para esclarecer dúvidas e aprofundar seus conhecimentos sobre o assunto.

Defina seus objetivos e perfil de investimento

Avalie seus objetivos financeiros, prazos de investimento e tolerância ao risco para determinar como os CRIs se encaixam em sua estratégia de investimento. Considere se você está buscando renda regular, crescimento de capital ou uma combinação de ambos, e ajuste sua alocação de recursos de acordo com seus objetivos e perfil de investimento.

Abra uma conta em uma corretora ou instituição financeira

Para investir em CRIs, você precisará abrir uma conta em uma corretora de valores mobiliários ou em uma instituição financeira que ofereça esse tipo de investimento. Verifique as taxas de corretagem, custódia e outras tarifas associadas à sua conta, e escolha uma instituição que atenda às suas necessidades e ofereça uma ampla variedade de opções de investimento em CRIs.

Realize uma análise de mercado  

Antes de escolher quais CRIs investir, é importante realizar uma análise de mercado para avaliar as oportunidades disponíveis. Considere fatores como a qualidade dos emissores, tipos de lastro, prazos de vencimento, taxas de juros oferecidas e riscos associados. Você pode consultar relatórios de análise de mercado, acompanhar as notícias do setor imobiliário e buscar recomendações de especialistas para orientar suas decisões de investimento.

Diversifique sua carteira de investimentos

Para reduzir o risco e maximizar os retornos, é importante diversificar sua carteira de investimentos. Considere investir em uma variedade de CRIs com diferentes emissores, tipos de lastro, prazos de vencimento e regiões geográficas. Isso ajudará a mitigar o risco de concentração e proteger seus investimentos contra eventos específicos que possam afetar um único investimento ou setor.

Monitore e avalie seus investimentos regularmente

Uma vez que você tenha investido em CRIs, é importante acompanhar de perto o desempenho de seus investimentos e reavaliar sua estratégia conforme necessário. Mantenha-se atualizado sobre as condições do mercado, faça ajustes na alocação de recursos conforme as mudanças em seus objetivos e perfil de investimento, e esteja preparado para tomar decisões informadas para proteger e maximizar seus retornos ao longo do tempo.

Conclusão

Assim, seguindo esses passos e mantendo-se disciplinado em sua abordagem de investimento, você estará bem posicionado para começar sua jornada de investimento em CRIs e construir uma carteira sólida e diversificada no mercado financeiro. 

Lembre-se sempre de buscar orientação profissional quando necessário e de tomar decisões de investimento com base em uma análise cuidadosa.

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