Os FI multimercado são uma opção para quem busca diversificação na carteira, pois permitem a aplicação em diferentes classes de ativos, como renda fixa, ações, câmbio e derivativos. Essa flexibilidade possibilita estratégias variadas, de acordo com o perfil do investidor e o cenário econômico.
O funcionamento desses fundos está ligado à liberdade que o gestor tem para alocar recursos em diferentes mercados. Isso significa que o desempenho pode variar bastante, dependendo da estratégia adotada, da composição da carteira e das condições do mercado.
Portanto, entender como os FI multimercado operam ajuda a avaliar se eles são adequados para seus objetivos financeiros. Neste artigo, vamos explicar o que são, como funcionam e quais pontos considerar antes de investir.
O que são os FI multimercado?
Os fundos de investimento multimercado (FI multimercado) são uma categoria de fundos que permitem a alocação de recursos em diferentes classes de ativos, como renda fixa, ações, câmbio e derivativos.
Ou seja, essa característica possibilita estratégias mais amplas, combinando diferentes mercados para buscar retornos superiores aos de investimentos mais restritos.

Para quem o FI multimercado é indicado?
Os Fundos de Investimento Multimercado (FI multimercado) são indicados para quem busca diversificação e maior flexibilidade na carteira.
Eles permitem alocar recursos em diferentes classes de ativos o que amplia as possibilidades de retorno ao mesmo tempo que impõe desafios na avaliação de riscos.
Por quem o FI multimercado é regulado?
Esse tipo de fundo é regulado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e classificado pela Anbima, o que garante padronização e supervisão do mercado.
Além disso, também está sujeito à política monetária e à regulação prudencial do Banco Central, especialmente quando há exposição a derivativos ou ativos no exterior.
Como funciona um FI multimercado?
O diferencial está na liberdade que o gestor tem para montar a carteira. Enquanto fundos de renda fixa ou de ações seguem regras mais rígidas de alocação, os FI multimercado permitem composições variadas, que mudam conforme a leitura de cenário econômico. Por isso, o desempenho pode variar bastante.
Imagine um fundo que invista 50% em títulos do Tesouro, 30% em ações brasileiras, 15% em dólar e 5% em derivativos. Se a Bolsa subir 10% e o dólar cair 2%, parte do ganho virá da renda variável, mas a queda no câmbio pode amortecer o resultado. A performance final é uma média ponderada das estratégias adotadas.
Estratégias comuns nos FI multimercado
- Alavancagem: o gestor usa recursos adicionais (geralmente via derivativos) para ampliar a exposição, o que potencializa ganhos e perdas.
- Arbitragem: busca ganhos em distorções de preços entre ativos correlacionados.
- Long & Short: compra ativos com potencial de alta e vende ativos com expectativa de queda, lucrando com a diferença.
Essas estratégias variam conforme o regulamento de cada fundo.

Custos e tributação
Taxa de administração
Cobrança anual sobre o valor total investido, remunerando a equipe de gestão. É fixada no regulamento e incide mesmo com rentabilidade negativa.
Taxa de performance
Cobrada quando o fundo supera seu benchmark (normalmente o CDI). Ou seja, se um fundo render 120% do CDI, o gestor recebe uma fração sobre esse “excedente”. A lógica é alinhar os interesses do gestor aos dos investidores.
Custos indiretos
Incluem taxa de custódia (pagas às instituições que guardam os ativos) e despesas operacionais com compra e venda de ativos. Embora menos visíveis, impactam o resultado líquido.
Tributação dos FI multimercado
O Imposto de Renda segue a tabela regressiva:
- 22,5%: até 180 dias
- 20%: de 181 a 360 dias
- 17,5%: de 361 a 720 dias
- 15%: acima de 720 dias
Além disso, há o come-cotas, uma antecipação do IR feita semestralmente (maio e novembro), com alíquotas de 15% para fundos de longo prazo e 20% para fundos de curto prazo. Ele reduz a quantidade de cotas e impacta o efeito dos juros compostos.
Tipos de FI multimercado
A Anbima classifica os fundos multimercado em subcategorias conforme estratégia, perfil de risco e ativos utilizados:
- Macro: decisões com base em análises econômicas (ex.: taxa Selic, inflação global).
- Long & Short: combina posições compradas e vendidas em ações.
- Arbitragem: foca em distorções de preços entre ativos relacionados.
- Juros e Moedas: aposta na variação de taxas de juros ou câmbio.
- Quantitativo (Quant): utiliza modelos estatísticos e algoritmos.
- Livre: liberdade total de alocação.
- Balanceado: busca equilíbrio entre ativos com risco e estabilidade.
- Alavancado: amplia exposição com derivativos.
- Retorno absoluto: busca gerar retorno positivo em qualquer cenário, sem se prender a um índice de referência.
🔎 Exemplo:
Um fundo classificado como “Macro” pode investir em títulos prefixados quando a expectativa é de queda dos juros, ou aumentar posição em dólar se houver expectativa de crise externa.
Avaliações externas
Além de consultar a lâmina e regulamento, o investidor pode recorrer a rankings independentes, como:
- Morningstar: avalia fundos com base em risco, retorno e consistência. Usa notas de 1 a 5 estrelas.
- Ranking InfoMoney-Ibmec: considera rentabilidade, risco, aderência à estratégia e eficiência do gestor.
Ademais, essas classificações ajudam a contextualizar o desempenho do fundo no mercado.

Vantagens e desvantagens
Vantagens
- Diversificação por meio de múltiplos mercados.
- Flexibilidade na gestão.
- Potencial de retornos superiores ao CDI.
- Acesso a estratégias sofisticadas, mesmo com aplicação inicial baixa.
- Gestão profissional ativa.
Desvantagens
- Maior complexidade para o investidor leigo.
- Exposição a riscos elevados, principalmente em fundos alavancados.
- Custos e tributação que podem comprometer o ganho líquido.
- Ademais, alguns fundos têm baixa liquidez ou prazos longos para resgate.
Quando vale a pena investir em FI multimercado?
- Quando o investidor busca diversificação além de renda fixa e ações.
- Quando deseja um retorno maior, aceitando o risco adicional.
- Se tem horizonte de médio a longo prazo.
- Se possui tolerância a volatilidade e não precisa dos recursos no curto prazo.
- Quando valoriza gestão profissional ativa, com decisões baseadas em leitura de cenário.
- Se compreende o impacto de taxas e tributos sobre o retorno.
Como escolher um FI multimercado?
- Verifique seu perfil de investidor
Fundos com maior exposição a ações e derivativos são mais adequados a perfis moderado ou arrojado. - Defina seus objetivos
Quer estabilidade ou retorno mais agressivo? A escolha da estratégia muda conforme a meta. - Entenda a qualificação exigida
Fundos destinados a investidores qualificados exigem aplicação mínima elevada e conhecimento técnico. Entretanto, fundos para o varejo têm exigências mais brandas. - Leia a lâmina e regulamento
Eles explicam o grau de risco, os ativos utilizados, o benchmark e se há uso de derivativos ou alavancagem. - Compare indicadores de risco e retorno
Use métricas como o índice de Sharpe, que mostra se o retorno compensa a volatilidade.
Por exemplo: um fundo com 1,5 de Sharpe tende a entregar retorno superior ao risco assumido. - Analise a liquidez e os prazos de resgate
Verifique se o fundo oferece resgate em D+1, D+15 ou outro prazo. Isso impacta seu acesso ao dinheiro. - Considere a tributação
Além disso, planeje o tempo de permanência para reduzir o impacto fiscal. Quanto mais longo o prazo, menor a alíquota.
Conclusão
Portanto, os FI multimercado oferecem uma estrutura de investimento flexível, permitindo a alocação de recursos em diferentes classes de ativos, como renda fixa, ações e câmbio. Essa diversificação contribui para a busca de rentabilidade em variados cenários econômicos, ajustando-se a diferentes perfis de investidor.
Assim, ao considerar esse tipo de fundo, é importante avaliar fatores como estratégia de gestão, custos, tributação, liquidez e o próprio nível de tolerância ao risco. O entendimento desses aspectos ajuda a tomar decisões mais alinhadas aos objetivos financeiros de curto, médio e longo prazo.
Investir em FI multimercado exige acompanhamento constante para avaliar o desempenho e a adequação da estratégia ao contexto do mercado. Com uma análise criteriosa, esses fundos podem compor de forma eficiente uma carteira diversificada.
