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FI multimercado: entenda o que é e como funciona! 

  • Lislye Viana 
  • 7 min read

Os FI multimercado são uma opção para quem busca diversificação na carteira, pois permitem a aplicação em diferentes classes de ativos, como renda fixa, ações, câmbio e derivativos. Essa flexibilidade possibilita estratégias variadas, de acordo com o perfil do investidor e o cenário econômico.

O funcionamento desses fundos está ligado à liberdade que o gestor tem para alocar recursos em diferentes mercados. Isso significa que o desempenho pode variar bastante, dependendo da estratégia adotada, da composição da carteira e das condições do mercado.

Portanto, entender como os FI multimercado operam ajuda a avaliar se eles são adequados para seus objetivos financeiros. Neste artigo, vamos explicar o que são, como funcionam e quais pontos considerar antes de investir.

O que são os FI multimercado?

Os fundos de investimento multimercado (FI multimercado) são uma categoria de fundos que permitem a alocação de recursos em diferentes classes de ativos, como renda fixa, ações, câmbio e derivativos.

Ou seja, essa característica possibilita estratégias mais amplas, combinando diferentes mercados para buscar retornos superiores aos de investimentos mais restritos.

Para quem o FI multimercado é indicado?

Os Fundos de Investimento Multimercado (FI multimercado) são indicados para quem busca diversificação e maior flexibilidade na carteira.

Eles permitem alocar recursos em diferentes classes de ativos o que amplia as possibilidades de retorno ao mesmo tempo que impõe desafios na avaliação de riscos.

Por quem o FI multimercado é regulado?

Esse tipo de fundo é regulado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e classificado pela Anbima, o que garante padronização e supervisão do mercado.

Além disso, também está sujeito à política monetária e à regulação prudencial do Banco Central, especialmente quando há exposição a derivativos ou ativos no exterior.

Como funciona um FI multimercado?

O diferencial está na liberdade que o gestor tem para montar a carteira. Enquanto fundos de renda fixa ou de ações seguem regras mais rígidas de alocação, os FI multimercado permitem composições variadas, que mudam conforme a leitura de cenário econômico. Por isso, o desempenho pode variar bastante.

Imagine um fundo que invista 50% em títulos do Tesouro, 30% em ações brasileiras, 15% em dólar e 5% em derivativos. Se a Bolsa subir 10% e o dólar cair 2%, parte do ganho virá da renda variável, mas a queda no câmbio pode amortecer o resultado. A performance final é uma média ponderada das estratégias adotadas.

Estratégias comuns nos FI multimercado

  • Alavancagem: o gestor usa recursos adicionais (geralmente via derivativos) para ampliar a exposição, o que potencializa ganhos e perdas.
  • Arbitragem: busca ganhos em distorções de preços entre ativos correlacionados.
  • Long & Short: compra ativos com potencial de alta e vende ativos com expectativa de queda, lucrando com a diferença.

Essas estratégias variam conforme o regulamento de cada fundo.

Custos e tributação

Taxa de administração

Cobrança anual sobre o valor total investido, remunerando a equipe de gestão. É fixada no regulamento e incide mesmo com rentabilidade negativa.

Taxa de performance

Cobrada quando o fundo supera seu benchmark (normalmente o CDI). Ou seja, se um fundo render 120% do CDI, o gestor recebe uma fração sobre esse “excedente”. A lógica é alinhar os interesses do gestor aos dos investidores.

Custos indiretos

Incluem taxa de custódia (pagas às instituições que guardam os ativos) e despesas operacionais com compra e venda de ativos. Embora menos visíveis, impactam o resultado líquido.

Tributação dos FI multimercado

O Imposto de Renda segue a tabela regressiva:

  • 22,5%: até 180 dias
  • 20%: de 181 a 360 dias
  • 17,5%: de 361 a 720 dias
  • 15%: acima de 720 dias

Além disso, há o come-cotas, uma antecipação do IR feita semestralmente (maio e novembro), com alíquotas de 15% para fundos de longo prazo e 20% para fundos de curto prazo. Ele reduz a quantidade de cotas e impacta o efeito dos juros compostos.

Tipos de FI multimercado

A Anbima classifica os fundos multimercado em subcategorias conforme estratégia, perfil de risco e ativos utilizados:

  • Macro: decisões com base em análises econômicas (ex.: taxa Selic, inflação global).
  • Long & Short: combina posições compradas e vendidas em ações.
  • Arbitragem: foca em distorções de preços entre ativos relacionados.
  • Juros e Moedas: aposta na variação de taxas de juros ou câmbio.
  • Quantitativo (Quant): utiliza modelos estatísticos e algoritmos.
  • Livre: liberdade total de alocação.
  • Balanceado: busca equilíbrio entre ativos com risco e estabilidade.
  • Alavancado: amplia exposição com derivativos.
  • Retorno absoluto: busca gerar retorno positivo em qualquer cenário, sem se prender a um índice de referência.

🔎 Exemplo:
Um fundo classificado como “Macro” pode investir em títulos prefixados quando a expectativa é de queda dos juros, ou aumentar posição em dólar se houver expectativa de crise externa.

Avaliações externas

Além de consultar a lâmina e regulamento, o investidor pode recorrer a rankings independentes, como:

  • Morningstar: avalia fundos com base em risco, retorno e consistência. Usa notas de 1 a 5 estrelas.
  • Ranking InfoMoney-Ibmec: considera rentabilidade, risco, aderência à estratégia e eficiência do gestor.

Ademais, essas classificações ajudam a contextualizar o desempenho do fundo no mercado.

Vantagens e desvantagens

Vantagens

  • Diversificação por meio de múltiplos mercados.
  • Flexibilidade na gestão.
  • Potencial de retornos superiores ao CDI.
  • Acesso a estratégias sofisticadas, mesmo com aplicação inicial baixa.
  • Gestão profissional ativa.

Desvantagens

  • Maior complexidade para o investidor leigo.
  • Exposição a riscos elevados, principalmente em fundos alavancados.
  • Custos e tributação que podem comprometer o ganho líquido.
  • Ademais, alguns fundos têm baixa liquidez ou prazos longos para resgate.

Quando vale a pena investir em FI multimercado?

  • Quando o investidor busca diversificação além de renda fixa e ações.
  • Quando deseja um retorno maior, aceitando o risco adicional.
  • Se tem horizonte de médio a longo prazo.
  • Se possui tolerância a volatilidade e não precisa dos recursos no curto prazo.
  • Quando valoriza gestão profissional ativa, com decisões baseadas em leitura de cenário.
  • Se compreende o impacto de taxas e tributos sobre o retorno.

Como escolher um FI multimercado?

  1. Verifique seu perfil de investidor
    Fundos com maior exposição a ações e derivativos são mais adequados a perfis moderado ou arrojado.
  2. Defina seus objetivos
    Quer estabilidade ou retorno mais agressivo? A escolha da estratégia muda conforme a meta.
  3. Entenda a qualificação exigida
    Fundos destinados a investidores qualificados exigem aplicação mínima elevada e conhecimento técnico. Entretanto, fundos para o varejo têm exigências mais brandas.
  4. Leia a lâmina e regulamento
    Eles explicam o grau de risco, os ativos utilizados, o benchmark e se há uso de derivativos ou alavancagem.
  5. Compare indicadores de risco e retorno
    Use métricas como o índice de Sharpe, que mostra se o retorno compensa a volatilidade.
    Por exemplo: um fundo com 1,5 de Sharpe tende a entregar retorno superior ao risco assumido.
  6. Analise a liquidez e os prazos de resgate
    Verifique se o fundo oferece resgate em D+1, D+15 ou outro prazo. Isso impacta seu acesso ao dinheiro.
  7. Considere a tributação
    Além disso, planeje o tempo de permanência para reduzir o impacto fiscal. Quanto mais longo o prazo, menor a alíquota.

Conclusão

Portanto, os FI multimercado oferecem uma estrutura de investimento flexível, permitindo a alocação de recursos em diferentes classes de ativos, como renda fixa, ações e câmbio. Essa diversificação contribui para a busca de rentabilidade em variados cenários econômicos, ajustando-se a diferentes perfis de investidor.

Assim, ao considerar esse tipo de fundo, é importante avaliar fatores como estratégia de gestão, custos, tributação, liquidez e o próprio nível de tolerância ao risco. O entendimento desses aspectos ajuda a tomar decisões mais alinhadas aos objetivos financeiros de curto, médio e longo prazo.

Investir em FI multimercado exige acompanhamento constante para avaliar o desempenho e a adequação da estratégia ao contexto do mercado. Com uma análise criteriosa, esses fundos podem compor de forma eficiente uma carteira diversificada.

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