Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e do Agronegócio (CRA) são opções de investimento em renda fixa que oferecem benefícios fiscais, como a isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas.
Esses ativos são lastreados por recebíveis de setores específicos, como o imobiliário e o agronegócio, oferecendo uma alternativa interessante para diversificação da carteira de investimentos.
Com a isenção de IR, o investidor pode obter uma rentabilidade líquida superior à de outras opções tradicionais, como CDBs e títulos públicos.
Além disso, os CRIs e CRAs costumam apresentar prazos e rendimentos variados, adequando-se a diferentes perfis de investidores e estratégias de investimento.
Neste artigo, vamos falar como funcionam os CRIs e CRAs, seus principais benefícios e os riscos envolvidos, ajudando você a entender melhor essas opções e a decidir se elas são adequadas para seu portfólio.
O que são CRI e CRA?
Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) são instrumentos financeiros de renda fixa, emitidos por empresas com o objetivo de captar recursos para financiar projetos ligados a seus setores de atuação.
No mercado de capitais, instituições emitem esses títulos, que têm como lastro recebíveis, ou seja, direitos de crédito originados de transações comerciais realizadas no setor imobiliário e no agronegócio.
Uma das principais características desses títulos é a isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas, o que torna esses ativos ainda mais atraentes, especialmente quando comparados a outras opções de renda fixa que estão sujeitas à tributação. Essa isenção de IR aumenta a rentabilidade líquida do investidor, tornando-os mais vantajosos em termos de retorno.
Estrutura dos CRIs
Recebíveis originados de operações no mercado imobiliário lastreiam os CRIs.
Esses recebíveis podem ser provenientes de financiamentos de imóveis, como empréstimos bancários para compra de imóveis ou ainda de contratos de aluguel.
O objetivo dos CRIs é viabilizar o financiamento de projetos imobiliários, como construção de novos empreendimentos ou a aquisição de imóveis para revenda.
Os investidores que compram esses títulos, portanto, estão basicamente emprestando dinheiro para essas operações, recebendo em troca uma remuneração que pode ser pré-fixada ou atrelada a índices como a inflação (IPCA) ou a taxa básica de juros (Selic).
Estrutura dos CRAs
Já os CRAs têm uma estrutura similar, mas com foco no agronegócio. Instituições emitem esses títulos para financiar o setor agropecuário, que abrange atividades como produção de grãos, pecuária e até setores da indústria alimentícia.
Operações realizadas entre empresas do agronegócio originam os recebíveis que lastreiam os CRAs, como financiamentos de produtores rurais ou empresas do setor que precisam de capital para adquirir insumos, expandir suas operações ou vender suas produções.
Assim, os CRAs oferecem aos investidores uma alternativa de investimento vinculada ao desempenho de um setor específico da economia.
Qual a diferença entre CRIs e CRAs?
Investidores consideram ambos os tipos de certificado como alternativas para diversificação de portfólio, já que apresentam características que os diferenciam de outras opções tradicionais de renda fixa, como títulos públicos ou CDBs.
A principal diferença entre os CRIs e os CRAs está no setor de origem dos recebíveis que os lastreiam.
Isso basicamente significa que: os investidores devem considerar que cada tipo de título pode apresentar uma sensibilidade diferente aos riscos do setor econômico em questão ao avaliar essas opções de investimento.
Como funcionam o CRI e CRA
Como mencionamos, os CRIs e os CRAs funcionam de maneira semelhante a outros investimentos em renda fixa, mas possuem características próprias que envolvem os setores imobiliário e agropecuário.
Empresas emitem esses títulos com a finalidade de captar recursos financeiros para financiar projetos específicos ou adquirir bens e serviços dentro desses setores.
O funcionamento desses títulos está relacionado diretamente aos recebíveis que os lastreiam, ou seja, aos créditos que as empresas ou instituições possuem em decorrência de suas operações.
Sobre as securitizadoras
O processo de emissão de CRIs e CRAs começa com a empresa que deseja captar recursos, que é geralmente uma securitizadora, uma instituição financeira ou uma empresa especializada.
A securitizadora compra os recebíveis de empresas do setor imobiliário ou do agronegócio e, com base nesses créditos, emite os certificados para os investidores.
Uma operação de securitização transforma ativos futuros, como recebíveis de pagamentos, em ativos financeiros que podem ser negociados no mercado.
Funcionamento dos CRIs
No caso do CRI, o lastro dos recebíveis vem de créditos imobiliários.
Estes podem ser provenientes de financiamentos de imóveis, contratos de aluguel, ou até mesmo de operações de crédito de empresas do setor imobiliário.
A securitizadora adquire esses créditos e vende os CRIs aos investidores.
O valor que o investidor recebe de volta ao longo do tempo vem do pagamento das parcelas de financiamento ou aluguel dos imóveis envolvidos, conforme os devedores quitam suas dívidas.
Funcionamento dos CRAs
No caso do CRA, o lastro dos recebíveis vem de operações realizadas no setor agropecuário, como financiamentos de produtores rurais, contratos de compra e venda de commodities, ou ainda de contratos de fornecimento de insumos e serviços para o setor agrícola.
A securitizadora adquire esses recebíveis e vende os CRAs para os investidores.
Assim como os CRIs, os CRAs pagam ao investidor os valores provenientes dos pagamentos dos devedores, que podem ser produtores rurais ou empresas ligadas ao agronegócio.
Os juros pré-fixados ou vinculados a algum índice de mercado podem compor os rendimentos dos CRAs.
Rentabilidade do CRI e CRA
Como são títulos de renda fixa, os certificados de recebíveis proporcionam aos investidores uma remuneração baseada em um modelo semelhante ao de outros investimentos dessa categoria.
Geralmente, os CRIs e CRAs utilizam uma das seguintes estruturas:
Remuneração pré-fixada
Investidores encontram a remuneração pré-fixada como uma das modalidades mais comuns em investimentos de renda fixa, incluindo os CRIs e CRAs.
Nesse caso, o investidor sabeo retorno que terá no momento da compra, pois a taxa de juros é definida no momento da emissão do papel. Isso significa que o investidor pode calcular com precisão quanto irá receber ao final do prazo do título.
Contudo, a rentabilidade pré-fixada pode ser menos vantajosa em cenários de alta de juros. Isso porquê o investidor está “preso” à taxa acordada na emissão, sem se beneficiar de eventuais aumentos nas taxas de juros do mercado.
Remuneração pós-fixada
A remuneração pós-fixada, por sua vez, está atrelada a algum indicador econômico que varia ao longo do tempo.
Nos CRIs e CRAs, esse indicador costuma ser a taxa de juros básica da economia, a Selic, ou outros índices de mercado. Nesse modelo, a rentabilidade do título vai se ajustando de acordo com a variação do indicador escolhido.
Por exemplo, se a Selic aumentar durante o período de investimento, a remuneração do CRI ou CRA também será reajustada. A vantagem desse tipo de remuneração é que o investidor pode se beneficiar de aumentos nas taxas de juros.
No entanto, essa estrutura de remuneração também envolve maior incerteza, já que a rentabilidade final não é definida no momento da compra.
Remuneração atrelada à inflação
Já a remuneração atrelada à inflação, que pode ser observada nos CRIs e CRAs, tem como base um índice de preços, como o IPCA.
Essa estrutura busca garantir que a rentabilidade do título acompanhe a evolução dos preços ao longo do tempo, proporcionando um retorno real ao investidor.
A rentabilidade é composta por uma taxa fixa mais o índice de inflação, o que significa que, além da rentabilidade acordada, o investidor receberá uma compensação pela variação dos preços.
Esse tipo de remuneração é especialmente atrativo em cenários de alta inflação. Isso porquê o investidor está protegido contra a perda do poder de compra do seu dinheiro.
No entanto, em períodos de baixa inflação, a rentabilidade adicional proporcionada pelo índice de preços pode ser limitada, o que pode fazer com que o retorno total seja inferior ao de outras opções de investimento.
Liquidez
Liquidez é basicamente a facilidade com que um ativo pode ser comprado ou vendido no mercado sem afetar significativamente seu preço.
No caso dos CRIs e CRAs, a liquidez é influenciada por diversos fatores, incluindo o tipo de remuneração oferecida, o perfil do investidor e as características do mercado de renda fixa.
Tipo de remuneração oferecida
Um fator relevante na análise da liquidez desses títulos é o tipo de remuneração oferecida.
Pré-fixada
A remuneração pré-fixada, por exemplo, implica em uma taxa de juros que é definida no momento da compra e não varia ao longo do tempo. Embora a remuneração pré-fixada proporcione previsibilidade ao investidor, ela também pode ter um impacto na liquidez do título.
Em geral, títulos com rentabilidade pré-fixada podem ser mais difíceis de negociar no mercado secundário, especialmente quando as condições de juros mudam de forma significativa. Isso ocorre porque os investidores podem se sentir menos inclinados a comprar um título com uma taxa de juros fixa quando as taxas de juros do mercado estão mais atrativas.
Como resultado, a liquidez desses títulos pode ser mais restrita, o que significa que pode ser necessário oferecer um desconto para conseguir vender o título antes do seu vencimento.
Pós-fixada
Por outro lado, a remuneração pós-fixada tende a proporcionar uma liquidez maior, uma vez que os títulos estão atrelados a índices de mercado.
Esses índices podem se ajustar ao longo do tempo, o que pode tornar o título mais atrativo para investidores que esperam que os juros aumentem.
Em cenários de alta de juros, os CRIs e CRAs com remuneração pós-fixada podem se tornar mais procurados, o que melhora a liquidez do ativo. No entanto, fatores como a percepção do risco associado ao ativo e a qualidade do crédito dos emissores também podem afetar a liquidez.
Atrelada à inflação
Quando se trata de remuneração atrelada à inflação, como os títulos vinculados ao IPCA, a liquidez pode variar dependendo do cenário econômico.
Investidores frequentemente veem títulos com remuneração atrelada à inflação como uma proteção contra a desvalorização do poder de compra, o que os torna interessantes em períodos de alta inflação.
Nesse sentido, os CRIs e CRAs com essa característica podem ter uma liquidez razoável, pois os investidores que buscam proteção contra a inflação podem se interessar por esses ativos.
No entanto, fatores como a volatilidade da inflação e as expectativas do mercado em relação à evolução dos índices de preços também podem influenciar a liquidez desses títulos.
Se a inflação estiver baixa ou se o mercado acreditar que os índices de inflação irão diminuir, os investidores podem reduzir a demanda por esses títulos, o que afeta negativamente sua liquidez.
Dependência de outros fatores
Mercado secundário
A liquidez também depende do mercado secundário desses ativos. Os CRIs e CRAs não são tão líquidos quanto títulos do Tesouro Direto ou outros investimentos de alta liquidez, como a caderneta de poupança ou os Certificados de Depósito Bancário (CDBs).
Isso ocorre, em parte, porque empresas emitem esses papéis e os lastreiam em recebíveis, o que os torna mais complexos e menos negociados no mercado secundário.
A falta de um mercado secundário robusto pode dificultar a venda desses ativos antes do seu vencimento, especialmente em momentos de crise ou quando as condições econômicas são incertas.
Além disso, o tamanho crescente do mercado de CRIs e CRAs no Brasil ainda é limitado em comparação com outros mercados de renda fixa, o que também pode afetar a liquidez.
Duração do título
Outro aspecto a considerar é a duração do título. Títulos de longo prazo, independentemente do tipo de remuneração, tendem a ter menor liquidez do que títulos de curto prazo.
Isso ocorre porque os investidores geralmente preferem ativos com prazos mais curtos, já que podem ser mais flexíveis e oferecem maior capacidade de adaptação às mudanças nas condições econômicas.
Portanto, os CRIs e CRAs de longo prazo podem ser mais difíceis de negociar, pois os investidores podem não estar dispostos a assumir o risco de manter esses títulos por um período prolongado.
Qualidade dos emissores
É importante notar que a qualidade dos emissores também influencia a liquidez dos CRIs e CRAs.
Se as agências de classificação de risco avaliarem bem os emissores desses títulos e esses emissores tiverem uma boa reputação, os títulos tendem a ser mais líquidos.
No entanto, quando consideram o emissor de maior risco, os investidores tendem a negociar menos esses papéis, exigindo um prêmio de risco mais alto para assumi-los.
Riscos do CRI e CRA
Risco de crédito
O risco de crédito é um dos principais riscos envolvidos na negociação de CRIs e CRAs. Esse risco está relacionado à possibilidade de o emissor do título não cumprir com suas obrigações de pagamento.
Em outras palavras, o risco de crédito surge quando o tomador dos recebíveis que lastreiam o título não consegue honrar as dívidas.
Empresas com fluxo de caixa estável geralmente emitem os CRIs e CRAs para mitigar esse risco, mas isso não elimina a possibilidade de inadimplência.
Fatores externos, como crises econômicas, alterações nas políticas governamentais ou eventos climáticos, podem influenciar os pagamentos no setor imobiliário ou agronegócio, afetando a capacidade de geração de receita dos emissores.
Risco de mercado
Outro risco importante é o risco de mercado, que se refere à variação no preço dos CRIs e CRAs em razão de mudanças nas condições econômicas.
Esse risco está relacionado a fatores como alterações nas taxas de juros, inflação, e condições econômicas gerais. Quando as taxas de juros sobem, os CRIs e CRAs com remuneração fixa tendem a perder valor, pois os investidores preferem títulos com rendimentos mais altos disponíveis no mercado.
Da mesma forma, mudanças na percepção do risco econômico podem afetar a atratividade desses ativos, influenciando a demanda no mercado secundário. O impacto no valor dos CRIs e CRAs pode ser significativo, especialmente em cenários de alta volatilidade econômica.
Risco de liquidez
O risco de liquidez também é uma preocupação relevante para os investidores de CRIs e CRAs.
Como já mencionamos, esses títulos são menos líquidos do que outros investimentos de renda fixa, como os CDBs ou as Letras do Tesouro Nacional (LTNs), o que significa que pode ser difícil encontrar compradores no mercado secundário, especialmente em momentos de crise ou em mercados mais restritos.
Mesmo em períodos de estabilidade, investidores encontram liquidez limitada em CRIs e CRAs devido à natureza mais especializada desses títulos, com pouca negociação diária e um mercado secundário menos desenvolvido.
Isso pode forçar os investidores a vender seus títulos com um desconto significativo caso precisem liquidar seus investimentos antes do vencimento.
Risco de reinvestimento
Além disso, o risco de reinvestimento é relevante para CRIs e CRAs com remuneração pós-fixada.
Quando as taxas de juros caem, os investidores podem ter que reinvestir os recursos a uma taxa de retorno menor, afetando a rentabilidade esperada.
Isso ocorre principalmente em cenários onde as taxas de juros caem após o investimento inicial. Isso faz com que o rendimento obtido ao longo do tempo seja inferior ao esperado inicialmente.
O risco de reinvestimento é importante para investidores que buscam uma rentabilidade constante ou que dependem dos rendimentos para cumprir suas metas.
Riscos regulatórios
Os CRIs e CRAs também estão sujeitos a riscos regulatórios. Como esses ativos estão ligados a setores específicos, qualquer alteração nas regulamentações pode impactar a capacidade de gerar fluxo de caixa para honrar suas dívidas.
Mudanças em leis relacionadas à propriedade imobiliária, financiamentos ou políticas agrícolas podem afetar diretamente a rentabilidade dos CRIs e CRAs. Investidores precisam acompanhar as alterações nas políticas públicas e em outras regulamentações que possam influenciar esses mercados.
Risco operacional
Por fim, o risco operacional está presente em CRIs e CRAs devido à complexidade envolvida no processo de securitização e na gestão dos recebíveis.
Isso se refere à possibilidade de falhas nos processos administrativos ou na gestão dos recebíveis, que podem prejudicar o desempenho do investimento.
A estrutura de securitização desses ativos envolve várias partes, o que aumenta as chances de falhas que podem impactar os fluxos de caixa e a solvência do título.
Garantias do CRI e CRA
CRIs
No caso do CRI, as garantias são normalmente associadas a ativos do setor imobiliário.
Isso inclui imóveis e recebíveis imobiliários que garantem o pagamento das dívidas emitidas. Um exemplo típico de garantia é o lastro em um imóvel ou em um conjunto de imóveis.
Quando o título é emitido, o valor dos imóveis ou dos recebíveis é utilizado como forma de assegurar que, caso o emissor do CRI não consiga honrar os pagamentos, o investidor poderá buscar o pagamento por meio da venda ou execução dos bens garantidores.
A qualidade dos bens que servem de garantia é um fator determinante para a segurança do investimento. Em situações de inadimplência, o processo de execução da garantia pode ser demorado, mas oferece um nível adicional de proteção ao investidor.
Além dos imóveis físicos, os CRIs podem ter como garantia os recebíveis originados de operações imobiliárias, como contratos de aluguel ou financiamentos de imóveis. Esses recebíveis podem ser agrupados e utilizados como lastro para os CRIs.
Quando os recebíveis são do tipo “crédito imobiliário”, ou seja, relacionados a financiamentos de imóveis, a garantia está atrelada ao próprio fluxo de pagamentos desses financiamentos. Caso o devedor deixe de pagar, o investidor pode ser remunerado por meio da execução dos recebíveis.
CRAs
No caso do CRA, as garantias estão associadas ao setor agrícola e ao agronegócio.
O lastro dos CRAs pode ser composto por recebíveis do setor agrícola, como dívidas de produtores rurais ou cooperativas que vendem produtos agrícolas.
Esses recebíveis podem incluir, por exemplo, contratos de venda de grãos, financiamentos para a compra de insumos ou outros tipos de crédito rural.
Em alguns casos, as garantias podem ser mais complexas e envolver a combinação de diferentes ativos.
Por exemplo, um CRA pode ter como garantia não apenas os recebíveis de um produtor rural, mas também o direito sobre uma colheita futura.
Existem diferentes tipos de garantias que podem ser oferecidas em CRIs e CRAs. Algumas emissões podem contar com garantias pessoais, onde o emissor ou uma terceira parte se responsabiliza pelo pagamento do valor devido.
Esse tipo de garantia pode aumentar a segurança para os investidores, mas também depende da saúde financeira da parte que oferece a garantia pessoal.
A classificação das garantias é um ponto importante a ser observado pelos investidores. As garantias podem ser divididas em diferentes categorias, dependendo do tipo de ativo e do nível de risco envolvido.
Por exemplo, garantias reais tendem a ser mais seguras do que pessoais, pois os imóveis são ativos tangíveis que podem ser vendidos para gerar recursos. Já as garantias em recebíveis podem variar em segurança dependendo da qualidade dos créditos envolvidos. Para investidores que buscam maior proteção, é recomendável dar preferência aos CRIs e CRAs com garantias mais robustas e diversificadas.
Tributação e taxas
Um dos principais atrativos dos CRIs e CRAs é a isenção de IR e IOF para pessoas físicas. Isso significa que a rentabilidade dos investidores já vem líquida, sem necessidade de descontos adicionais.
Em outros investimentos de renda fixa as instituições cobram IR conforme uma tabela regressiva, onde a alíquota diminui com o tempo de aplicação. Caso o investidor resgate o investimento em menos de seis meses, ele paga 22,5% de IR. Se o resgate ocorrer após dois anos, a taxa de IR diminui para 15%.
Adicionalmente, geralmente não há cobrança de taxa de administração sobre os certificados de crédito. Algumas corretoras também isentam os investidores de taxas de corretagem e de custódia, embora algumas possam aplicar essas cobranças em certos casos.
Vantagens do CRI e CRA
Diversificação de portfólio
Além da vantagem principal que já mencionamos da isenção de Imposto de Renda (IR) e Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para pessoas físicas, temos também a possibilidade de diversificação de portfólio.
Investir nesses certificados permite ao investidor alocar recursos em diferentes setores da economia, como o imobiliário e o agronegócio.
O CRI, lastreado em recebíveis imobiliários, oferece exposição ao mercado imobiliário, enquanto o CRA proporciona acesso a ativos do setor agrícola.
Essa diversificação pode ser interessante para quem busca reduzir o risco global de seu portfólio, aproveitando o desempenho de setores distintos. Além disso, a diversificação é uma forma de mitigar o impacto de crises setoriais ou de mercado.
Rentabilidade
A rentabilidade desses investimentos também é uma vantagem considerável.
CRIs e CRAs costumam oferecer uma rentabilidade superior à de outras alternativas de renda fixa, como a de títulos públicos, o que torna esses papéis atraentes para investidores em busca de uma maior rentabilidade.
Em alguns casos, especialmente em um cenário de juros mais baixos, os investidores podem encontrar nos CRIs e CRAs uma opção de retorno superior, com um risco controlado, uma vez que são lastreados em ativos reais como imóveis ou recebíveis do agronegócio.
Possibilidade de investimento em setores específicos da economia
A possibilidade de investimento em setores específicos da economia é outra vantagem relevante.
O CRI permite o acesso ao setor imobiliário, que tende a apresentar estabilidade e crescimento em determinados ciclos econômicos.
Já o CRA permite ao investidor acessar o setor agrícola, uma parte importante da economia nacional.
Esse foco setorial pode ser vantajoso para quem deseja se expor a ativos de setores que possuem dinâmica própria e que podem ter desempenho positivo, mesmo em cenários econômicos adversos em outros segmentos.
Ausência de taxas
Outro ponto a ser destacado é que, normalmente, não há cobrança de taxas de administração sobre os CRIs e CRAs, o que pode representar uma economia significativa para os investidores.
Em comparação com outras alternativas de investimentos, como fundos de investimento, que frequentemente cobram taxas de administração e performance, os CRIs e CRAs podem ser mais vantajosos do ponto de vista de custos.
Algumas corretoras também isentam os investidores de taxas de corretagem e de custódia, o que torna esses investimentos ainda mais acessíveis para quem deseja investir sem custos adicionais.
Desvantagens do CRI e CRA
Liquidez
Uma das principais desvantagens dos CRIs e CRAs está relacionada à sua liquidez.
Como já mencionamos, esses investimentos não possuem a mesma facilidade de negociação que, por exemplo, os títulos públicos ou CDBs.
Embora seja possível vender os certificados no mercado secundário, o processo pode ser complexo e, muitas vezes, não há compradores dispostos a adquirir o título a um preço atrativo.
A liquidez limitada pode ser um problema para investidores que precisam de acesso rápido ao capital investido. Além disso, o mercado secundário para CRIs e CRAs não é tão desenvolvido quanto para outros tipos de ativos de renda fixa, o que torna ainda mais difícil a venda de uma posição antes do vencimento do título.
Risco de crédito
Outro ponto negativo é o risco de crédito. Embora os CRIs e CRAs sejam lastreados por garantias reais, como imóveis ou recebíveis do agronegócio, isso não elimina o risco de inadimplência.
Se o emissor não cumprir com as obrigações financeiras, o investidor poderá ter dificuldades para recuperar o valor investido, mesmo com as garantias.
Em alguns casos, o processo de execução das garantias pode ser demorado e complexo, o que pode atrasar o pagamento ao investidor e reduzir a rentabilidade esperada. Esse risco é especialmente relevante em um cenário econômico instável, onde a capacidade de pagamento de algumas empresas pode ser afetada.
Complexidade
Outra desvantagem é a complexidade desses investimentos. A estrutura dos CRIs e CRAs pode ser difícil de entender para investidores iniciantes.
A avaliação de riscos, garantias e condições de pagamento requer um conhecimento mais profundo do mercado imobiliário ou do agronegócio, o que pode ser um obstáculo para quem não possui experiência nesse tipo de investimento.
Além disso, esses ativos exigem uma análise detalhada das condições do emissor e do lastro da operação, o que pode demandar tempo e recursos por parte do investidor.
Passo a passo: como investir em CRI e CRA
Investir em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) pode ser uma alternativa interessante para diversificar a carteira de investimentos e buscar rendimentos atrativos. No entanto, você deve seguir alguns passos para garantir que faça esse investimento de forma consciente e assertiva.
A seguir, explicamos o a passo para investir nesses papéis com qualidade:
Conheça o produto
Antes de realizar qualquer investimento, é importante entender o funcionamento dos CRIs e CRAs. Então, procure conhecer o máximo sobre os produtos, entender os riscos envolvidos, as condições de emissão e o tipo de lastro desses papéis.
Avalie o perfil
Antes de realizar o investimento, é importante avaliar seu perfil de risco. Esses papéis podem oferecer retornos interessantes, mas o risco de inadimplência, a liquidez limitada e os riscos do setor (como o setor imobiliário ou agrícola) podem afetar a rentabilidade.
Se você tem um perfil conservador e busca investimentos com maior segurança, pode ser interessante escolher CRIs e CRAs com garantias mais robustas ou emitidos por empresas de maior solvência. Já se você tiver um perfil mais arrojado, poderá buscar papéis com maior potencial de retorno e aceitar um risco maior.
Escolha a plataforma
Escolha uma plataforma que ofereça esses produtos. Muitas possuem uma gama de opções de CRIs e CRAs para seus clientes, tanto em termos de emissões mais recentes quanto de papéis secundários.
Além disso, observe as taxas cobradas pela plataforma e se certifique de que ela oferece informações claras e completas sobre os papéis disponíveis, para que você possa tomar decisões mais informadas.
Verifique a rentabilidade e as condições de emissão
Ao selecionar um CRI ou CRA, o investidor deve analisar com cuidado as condições de rentabilidade oferecidas. Como os certificados podem ter remuneração pré-fixada, pós-fixada ou atrelada à inflação, escolher com base nos seus objetivos e perfil, é essencial. Além disso, o investidor também deve verificar as condições de pagamento e os prazos, já que a maioria dos CRIs e CRAs apresenta prazos longos, variando de 5 a 15 anos, o que exige um planejamento adequado.
Estude as garantias
As garantias são um dos aspectos mais importantes ao investir em CRIs e CRAs, já que elas protegem o investidor em caso de inadimplência. Antes de investir, analise a qualidade dessas garantias e entenda como elas funcionam no processo de proteção ao investidor.
Realize o investimento
Após concluir a análise dos papéis, escolher o emissor e definir a forma de exposição, é hora de realizar o investimento. Na plataforma, você poderá comprar os CRIs ou CRAs diretamente, informando o valor e as condições de pagamento.
Em muitos casos, os CRIs e CRAs podem ser adquiridos em lotes de valor alto, o que pode exigir um capital inicial mais significativo. No entanto, dependendo da plataforma, pode haver também a possibilidade de investir em frações de papéis, o que torna o acesso a esses investimentos mais democrático.
Acompanhe o investimento
Depois de investir em CRIs ou CRAs, é importante acompanhar periodicamente o desempenho do seu investimento. Isso inclui monitorar os pagamentos de juros e verificar se o emissor está cumprindo com suas obrigações financeiras. Acompanhar a situação econômica do setor imobiliário ou do agronegócio, dependendo do tipo de CRI ou CRA que o investidor adquire, também ajuda a entender os riscos envolvidos e a ajustar a estratégia de investimento, caso necessário.
Conclusão
Investir em CRIs e CRAs é uma boa alternativa para quem deseja diversificar os investimentos em renda fixa e obter retornos superiores a outros produtos tradicionais.
Contudo, é essencial seguir um passo a passo cuidadoso para entender os riscos e garantir que o investimento esteja alinhado aos seus objetivos financeiros.
O acompanhamento constante do desempenho desses ativos e a escolha de bons emissores são peças-chave para um bom retorno a longo prazo.