Você não pode negar que diariamente experimenta uma “montanha-russa de emoções”, certo?
E isso pode afetar as decisões e julgamentos que você venha a fazer. No processo de investimento, esses vieses comportamentais podem nos levar para armadilhas psicológicas.
Mas, somente tomando consciência e evitando ativamente os vieses comportamentais é que os investidores poderão tomar decisões sábias.
Conheça 7 vieses comportamentais que podem afetar a sua decisão de investimento. Boa leitura!
O que são vieses comportamentais?
Todos nós temos “preconceitos” fortemente arraigados que existem em nossa psiquê.
Embora possam nos servir bem em nosso dia a dia, eles podem ter o efeito oposto ao investir.
O vencedor do Prêmio Nobel Daniel Kahneman é um dos fundadores das finanças comportamentais.
Segundo o estudioso, os investidores são influenciados por dois vieses comportamentais primários: erros cognitivos e vieses emocionais.
Enquanto os vieses cognitivos derivam de erros estatísticos, de processamento de informações ou de memória, um viés emocional decorre de impulso ou intuição e resulta em ação baseada em sentimentos em vez de fatos.
Hoje em dia, os atores econômicos – você e eu – não são vistos como “racionais”, mas sim humanos e propensos a vieses cognitivos.
De acordo com as Finanças Tradicionais, os investidores são, em sua maioria, “maximizadores de riqueza” racionais. Essa teoria diz que o homem age apenas de uma maneira que maximiza seus retornos e minimiza seus riscos.
Em contraste, as Finanças Comportamentais tentam entender e explicar o comportamento real do investidor versus teorias do comportamento do investidor.
A emoção e os preconceitos profundamente arraigados influenciam nossas decisões, fazendo com que nos comportemos de maneira imprevisível ou irracional.
Na verdade, alguns podem considerá-lo previsivelmente irracional. As finanças comportamentais são um campo relativamente novo que procura combinar a teoria psicológica comportamental e cognitiva com a economia e as finanças convencionais para fornecer explicações sobre porque as pessoas tomam decisões financeiras irracionais.
Para exemplificar, imagine que você seja um investidor conservador e opte mais por ativos de renda fixa.
Se você tiver um dos vieses que induzem a inércia, talvez nesse caso, o conjunto de preconceitos te levará a não tomar nenhuma decisão ou ação, prejudicando uma boa escolha, principalmente se a inflação subir e os títulos de renda fixa se desvalorizarem.
Conheça os 7 principais vieses que podem afetar suas decisões de investimentos
1. Viés de excesso de confiança
O excesso de confiança tem dois componentes: o excesso de confiança na qualidade de suas informações e na sua capacidade de agir de acordo com essas informações no momento certo para obter o máximo ganho.
Estudos mostram que os traders superconfiantes negociam com mais frequência e não conseguem diversificar adequadamente suas carteiras.
Como evitar esse preconceito?
Negocie menos e invista mais. O excesso de confiança é um viés emocional. Investidores superconfiantes acreditam que têm mais controle sobre seus investimentos do que realmente têm.
Como o investimento envolve previsões complexas do futuro, investidores superconfiantes podem superestimar suas habilidades para identificar investimentos bem-sucedidos.
Ao aumentar seu prazo, avaliar índices e aproveitar os dividendos, você provavelmente construirá riqueza ao longo do tempo.
Resista ao desejo de acreditar que suas informações e intuição são melhores do que outras no mercado.
2. Viés de confirmação
O viés de confirmação é a tendência de buscar informações que apoiem as crenças de uma pessoa. Esse viés pode levar os investidores a se concentrarem apenas em informações que reforcem suas opiniões sobre um investimento.
Essa é a tendência de procurar, interpretar e lembrar informações de uma maneira que confirme seus preconceitos existentes. A escolha seletiva de quais informações usar pode levar à falta de diversificação e a investimentos muito arriscados.
Como evitar esse preconceito?
Pesquisar pode ajudar a combater o viés de confirmação. Desviar o foco de um cliente dos movimentos de mercado de curto prazo para seus objetivos de longo prazo pode ajudar a evitar as consequências do viés de confirmação.
O viés de confirmação também pode impedir que os clientes visualizem de forma realista as condições do mercado.
Por exemplo, eles podem se concentrar em algumas opiniões de especialistas enquanto ignoram outras. Isso pode levar os investidores a tomar decisões com base em informações incompletas.
3. Viés ou efeito de bandwagon (mentalidade do rebanho)
O efeito bandwagon é sobre ganhar conforto em algo porque muitas outras pessoas fazem (ou acreditam) o mesmo.
No entanto, para ser um investidor de sucesso, você deve ser capaz de analisar e pensar de forma independente. Bolhas especulativas são tipicamente o resultado de pensamento de grupo e mentalidade de rebanho.
Como evitar esse preconceito?
Para evitar ser levado pelo efeito rebanho na hora de investir, é importante não tomar decisões de investimento sem refletir claramente e ter pensamento crítico.
4. Viés de aversão à perda
A teoria estabelecida do mercado financeiro sustenta que existe uma relação direta e um trade-off entre risco e retorno. Quanto maior o risco associado a um investimento, maior o retorno.
A teoria pressupõe que os investidores buscam o maior retorno para o nível de risco que estão dispostos e são capazes de assumir. As finanças comportamentais e pesquisas relacionadas indicam o contrário.
Em seu estudo seminal “Prospect Theory: An Analysis of Decision under Risk”, os pioneiros em finanças comportamentais Dan Kahneman e Amos Taversky descobriram que os investidores são mais sensíveis à perda do que ao risco e possível retorno.
Em suma, as pessoas preferem evitar perdas a adquirir um ganho equivalente: é melhor não perder R$ 50 do que encontrar R$ 50.
Como evitar esse preconceito?
Para evitar esse tipo de decisão emocional, o investidor deve se informar e avaliar em que pontos seu comportamento financeiro se origina.
Evite conferir cotações com frequência excessiva, especialmente de investimentos de longo prazo, pois isso aumenta o grau de ansiedade e para você não tomar decisões precipitadas;
Estabeleça uma estratégia de investimentos e tente manter-se nela, definindo os limites aceitáveis para prejuízos.
5. Viés de otimismo/pessimismo
O viés do pessimismo refere-se à tendência de superestimar a probabilidade de eventos negativos e subestimar a probabilidade de eventos positivos.
O viés do pessimismo é um viés cognitivo que faz com que as pessoas superestimem a probabilidade de coisas negativas e subestimem a probabilidade de coisas positivas, especialmente quando se trata de supor que eventos futuros terão um resultado ruim.
Por exemplo, o viés do pessimismo pode levar alguém a acreditar que vai reprovar em um exame, mesmo que esteja bem preparado e provavelmente tirará uma boa nota.
O viés do pessimismo pode distorcer o pensamento das pessoas, incluindo o do investidor, de uma forma que leva a uma tomada de decisão irracional, bem como a vários problemas com sua saúde mental e bem-estar emocional.
Os potenciais benefícios do pessimismo:
“Na maioria das circunstâncias, o otimismo parece ser a melhor estratégia, porque permite que os indivíduos adquiram recursos para perseguir objetivos, sejam persistentes e estejam abertos a oportunidades (se estiverem realisticamente disponíveis). O otimismo promove a confiança em si mesmo e na crença de que se pode ter sucesso.
Quando o perigo está próximo, no entanto, o pessimismo temporário (realista) pode ser mais benéfico, pois todos os pensamentos e ações serão direcionados para enfrentar a ameaça em questão.
O pessimismo também pode ser adaptativo quando fica claro que não se atingirá um objetivo desejado no futuro próximo (e é a perspectiva realista do futuro), pois pode evitar decepções.
A perspectiva mais adaptativa, portanto, parece ser principalmente otimista, temperada com pequenas doses de pessimismo realista quando necessário.” (Forgeard & Seligman, 2012)
6. Viés de Autoridade
Viés de autoridade é a tendência de uma pessoa seguir o líder. Uma vez que acreditamos que alguém é um especialista, tendemos a confiar em tudo o que dizem.
Em muitos casos, seguir o conselho de um especialista é a coisa mais inteligente a se fazer, mas nem sempre.
“Especialistas” ainda podem estar errados, e alguns até têm segundas intenções. As pessoas seguem analistas de investimentos em canais de notícias e sites com resultados muito variados.
É importante lembrar que os investidores têm prazos, objetivos e diferentes tolerâncias ao risco.
Se você é um investidor de longo prazo economizando para a aposentadoria e está seguindo o conselho de um day trader (foco no curto prazo), seus objetivos não estão alinhados e você provavelmente não obterá o resultado que esperava por causa disso.
7. Viés de ancoragem
O viés de ancoragem é a tendência de confiar demais ou ancorar-se em uma referência passada ou em uma informação ao tomar uma decisão.
Quando somos apresentados ao preço de um investimento, seu preço atual tem um impacto duradouro em nossos cérebros.
Como evitar esse preconceito?
A principal lição é avaliar um investimento com base em seu potencial futuro, não em seu desempenho passado!
- Para evitar esse tipo de decisão emocional, o investidor deve se informar e avaliar em que pontos seu comportamento financeiro se origina.
- Evite conferir cotações com frequência excessiva, especialmente de investimentos de longo prazo, para evitar a tomada de decisões precipitadas;
- Estabeleça uma estratégia de investimentos e tente manter-se nela, definindo os limites aceitáveis para prejuízos.
Conclusão
Quando se trata de investir, vieses comportamentais podem tornar nosso comportamento de investimento “irracional”.
Isso pode nos levar a fazer escolhas financeiras ou de investimento indesejáveis, porque tiramos conclusões incorretas com base em alguns dos erros de pensamento que nosso cérebro está cometendo para chegar a essas decisões.
Para ser um investidor de sucesso a longo prazo, precisamos entender e superar alguns desses vieses cognitivos comuns.
Fazer isso pode levar a uma melhor tomada de decisão, o que pode ajudar a reduzir o risco e melhorar o retorno do investimento ao longo do tempo.