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Taxa DI: o que é e como calcular?

A Taxa DI, ou Taxa de Depósito Interbancário, é uma referência importante no mercado financeiro. Utilizada como base para várias operações financeiras, ela influencia desde empréstimos até investimentos, por isso compreender seu funcionamento é muito importante para quem quer construir uma vida financeira saudável. 

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O que é taxa DI?

A Taxa DI é um indicador que representa a média das taxas de juros praticadas nas operações de empréstimo entre instituições financeiras. Essas operações são de curtíssimo prazo, geralmente de um dia, e buscam equilibrar a liquidez dos bancos. Ela é divulgada diariamente pela CETIP (Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos Privados).

Isso acontece porquê existe uma regra do Bacen, que nenhuma instituição financeira pode acabar o dia com saldo negativo, e por isso, as instituições realizam empréstimos entre si.

Para que serve a taxa DI?

Além da função que já comentamos de regular a liquidez do sistema bancário, uma das principais funções desse índice é servir de benchmark para produtos financeiros. Investimentos como CDBs, LCIs, LCAs e fundos DI têm a rentabilidade atrelada a essa taxa, ou seja, quando você investe nesses produtos, a rentabilidade é muitas vezes expressa como um percentual do DI. 

Por exemplo, um CDB pode render 100% do DI, o que significa que a rentabilidade do investimento vai acompanhar a variação da Taxa DI. 

Além disso, ela serve como indicador econômico. Por isso, suas mudanças podem significar várias coisas, como aumento ou diminuição de liquidez no sistema bancário, aumento do risco percebido pelos bancos, etc. 

Ademais, ela também é usada em contratos de derivativos, como swaps e futuros de DI, negociados na B3 (Bolsa de Valores do Brasil). Esses instrumentos permitem que empresas e instituições financeiras se protejam contra variações nas taxas de juros, gerenciando melhor seus riscos.

Outro ponto interessante é que ela também influencia as taxas de juros cobradas em empréstimos e financiamentos. Bancos e outras instituições financeiras usam a Taxa DI como base para determinar as condições de crédito oferecidas a seus clientes. 

Cálculo taxa DI

Coleta de dados

O primeiro passo para calcular esse índice é coletar dados das operações de Depósito Interbancário realizadas entre as instituições financeiras. Essas operações são registradas na CETIP.

Filtragem das transações

Nem todas as transações registradas são consideradas no cálculo da Taxa DI. A CETIP aplica critérios de filtragem para garantir que apenas as operações relevantes sejam incluídas. Ou seja, transações que não atendem a determinados requisitos de valor mínimo ou que apresentam características atípicas são excluídas.

Cálculo da taxa média

Com os dados filtrados, a CETIP calcula a taxa média das operações de depósito interbancário.

Ajustes e publicação

Depois, a CETIP realiza ajustes finais para garantir a precisão do indicador e aí sim, divulgar oficialmente os números, disponibilizando-os para o mercado.

É importante ressaltar que para que a taxa seja divulgada diariamente, deve-se ocorrer ao menos 100 negociações e o volume delas deve ser de pelo menos R$30 bilhões. 

Quais fatores influenciam a taxa DI?

Política monetária

A política monetária do Banco Central é um dos principais fatores que influenciam a Taxa DI. Como a taxa Selic tem uma relação direta com esse índice quando o Copom altera a Selic, isso afeta imediatamente as condições de crédito e liquidez no sistema financeiro. 

Ou seja, um aumento na Selic geralmente eleva a Taxa DI, e vice-versa. 

Além disso, o Bacen também pode intervir diretamente no mercado interbancário para influenciar esse índice. Por exemplo, comprando ou vendendo títulos para ajustar a quantidade de dinheiro em circulação.

Condições de liquidez

Do ponto de vista financeiro, liquidez refere-se à acessibilidade de um investimento. A liquidez é importante não apenas para investimentos de rendas variáveis, tais como imóveis e ações, como também para investimentos de renda fixa, previdência privada e títulos públicos.

Quando há excesso de liquidez, ou seja, quando os bancos tem mais dinheiro do que precisam para operar qualitativamente, esse índice tende a cair e vice-versa. Por isso, a gestão da liquidez pelos bancos e pelo Banco Central é importante para manter a estabilidade do indicador.

Risco de crédito

Em períodos de crise, o risco de inadimplência aumenta, o que leva os bancos a exigir taxas de juros mais altas para compensar o maior risco, o que eleva o índice,

Condições internacionais

Eventos e condições econômicas internacionais também podem afetar esse índice. Fatores como a política monetária de outros países, especialmente dos Estados Unidos. Um aumento, por exemplo, nas taxas de juros dos EUA pode atrair investimentos para lá, diminuindo a liquidez no Brasil e aumentando a Taxa DI.

Demanda por crédito

Quando a demanda por empréstimos entre os bancos é alta, a Taxa DI tende a subir, e vice-versa. 

Como a taxa DI afeta os investimentos?

Renda fixa

A Taxa DI é um dos principais benchmarks para investimentos em renda fixa no Brasil. Como mencionamos, produtos como CDBs, LCIs e LCAs geralmente têm a rentabilidade atrelada à Taxa DI. Ou seja, quando a Taxa DI aumenta, a rentabilidade desses produtos também tende a subir e vice-versa.

Fundos DI

Os fundos DI são uma categoria de fundos de investimento que buscam acompanhar a variação da Taxa DI. 

Eles aplicam majoritariamente em títulos públicos federais e outros ativos de baixo risco que rendem próximo à Taxa DI, e por isso, o resultado deles está muito ligado às mudanças nela. Da mesma forma que na renda fixa, quando a Taxa DI aumenta, a rentabilidade desse fundo também tende a subir e vice-versa.

Por isso, investidores que buscam uma opção de baixo risco e liquidez geralmente consideram os fundos DI uma escolha interessante, especialmente em um cenário de taxas de juros ascendentes.

Crédito privado

Os investimentos em crédito privado, como debêntures e notas promissórias, também sofrem influência da Taxa DI. 

Esses títulos de dívida corporativa geralmente oferecem prêmios de risco sobre a Taxa DI para compensar os investidores pelo risco de crédito assumido. 

Impacto no mercado de ações

A Taxa DI também afeta o mercado de ações, mas de maneira mais indireta. Uma Taxa DI alta geralmente implica um custo de oportunidade maior para os investidores, que podem preferir os rendimentos garantidos da renda fixa em vez do risco associado às ações, reduzindo a demanda por ações e, consequentemente, criando uma pressão negativa sobre seus preços.

Investimentos atrelados à taxa DI

Certificados de Depósito Bancário (CDBs)

Os CDBs são um dos investimentos mais comuns atrelados à Taxa DI. Emitidos por bancos, eles funcionam como um empréstimo que o investidor faz à instituição financeira, recebendo em troca uma remuneração que pode ser pré-fixada, pós-fixada ou híbrida. 

Ele funciona de maneira bem simples, inicialmente, o investidor adquire um CDB depositando um montante específico em uma instituição financeira que emitiu esse título. Esse valor é emprestado ao banco por um determinado período de tempo, estabelecido no momento da aplicação, e em troca desse empréstimo, o banco se compromete a remunerar quem investiu, com juros ao longo da vigência do título.

Nos CDBs pós-fixados, a rentabilidade é geralmente expressa como um percentual da Taxa DI, como 100% do DI, 110% do DI, etc. Isso significa que o retorno do investimento vai acompanhar a variação da Taxa DI durante o período do investimento.

Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e do Agronegócio (LCAs)

As LCIs e as LCAs são títulos de renda fixa isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas, e assim como os CDBs, também podem ter sua rentabilidade atrelada a esse índice. Quando isso acontece, a remuneração do investimento é se dá de maneira semelhante ao CDB.

Apesar de parecer um nome confuso, as LCs funcionam basicamente a partir de um empréstimo. Como é de conhecimento geral, uma das grandes atividades de um banco é o empréstimo de capital para seus clientes. E portanto, existem diversas maneiras pelas quais uma instituição financeira pode captar recursos para fornecer esses empréstimos. 

Uma delas é por meio da venda de títulos de crédito nos quais investidores aplicam dinheiro, e em troca recebem esse valor de volta depois de um tempo x acrescido de juros. A LC é um desses tipos de títulos de crédito disponibilizados pelos bancos. Ao comprá-la, o investidor está emprestando dinheiro para o banco que, por sua vez, irá fazer um segundo empréstimo, seja para o setor imobiliário, seja para o setor agrícola.

Fundos DI

Fundos DI, como já falamos, são fundos de investimento que acompanham a variação da Taxa DI, investindo predominantemente em títulos públicos federais e outros ativos de baixo risco atrelados ao DI. 

Debêntures

Debêntures são títulos de dívida emitidos por empresas como uma forma de obter financiamento.  Quando você investe em debêntures, está emprestando dinheiro para a empresa emissora, que concorda em pagar juros periódicos como compensação pelo empréstimo. Esses juros são uma maneira de atrair investidores e recompensá-los pelo risco assumido.

Ademais, o funcionamento das debêntures é relativamente simples. Imagine que uma empresa precisa de dinheiro para expandir seus negócios, e em vez de recorrer a um empréstimo bancário, ela emite os títulos no mercado financeiro.

Os investidores interessados compram esses títulos, efetivamente emprestando dinheiro à empresa, e em troca, ela se compromete a pagar juros em intervalos predefinidos, geralmente a cada semestre.

E embora possam oferecer diferentes tipos de remuneração, muitas debêntures têm sua rentabilidade atrelada à Taxa DI, + um prêmio de risco. 

Por exemplo, uma debênture pode pagar DI + 2%, onde o retorno do investimento será a Taxa DI acrescida de 2% ao ano. 

Certificados de operações estruturadas (COEs)

Os Certificados de Operações Estruturadas combinam características de renda fixa e variável, oferecendo retornos atrelados a diferentes índices, incluindo a Taxa DI. Um COE atrelado ao DI significa que o retorno do dinheiro investido será acrescido de um percentual da variação da Taxa DI.

Conclusão

Assim, a Taxa DI é um indicador importante no mercado financeiro, que reflete as taxas de juros praticadas nas operações de empréstimo entre instituições financeiras. 

Ela serve como referência para vários produtos de renda fixa e é um componente importante na formação de preços de vários instrumentos financeiros. 

Nesse sentido, dominar o conceito e o cálculo da Taxa DI permite uma melhor compreensão da sua influência sobre diferentes tipos de investimentos. Seja para aplicar em CDBs, fundos DI, etc, conhecer a Taxa DI ajuda a otimizar estratégias de investimento e gestão financeira.

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