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Taxa DI: o que é e como calcular?

  • Lislye Viana 
  • 15 min read

A Taxa DI, ou Taxa de Depósito Interbancário, é uma referência importante no mercado financeiro. Utilizada como base para várias operações financeiras, ela influencia desde empréstimos até investimentos, por isso compreender seu funcionamento é muito importante para quem quer construir uma vida financeira saudável. 

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O que é taxa DI?

A Taxa DI é um indicador que representa a média das taxas de juros praticadas nas operações de empréstimo entre instituições financeiras. Ela é divulgada diariamente pela CETIP (Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos Privados).

Essas operações são de curtíssimo prazo, geralmente de um dia, e buscam equilibrar a liquidez dos bancos.

Isso acontece porquê existe uma regra do Bacen, que nenhuma instituição financeira pode acabar o dia com saldo negativo, e por isso, as instituições realizam empréstimos entre si.

Para que serve a taxa DI?

Servir de benchmark para produtos financeiros

Além da função que já comentamos de regular a liquidez do sistema bancário, uma das principais funções desse índice é servir de benchmark para produtos financeiros.

Investimentos como CDBs, LCIs, LCAs e fundos DI têm a rentabilidade atrelada a essa taxa, ou seja, quando você investe nesses produtos, a rentabilidade é muitas vezes expressa como um percentual do DI. 

Por exemplo, um CDB pode render 100% do DI, o que significa que a rentabilidade do investimento vai acompanhar a variação da Taxa DI. 

Servir de indicador econômico

Além disso, ela serve como indicador econômico. Por isso, suas mudanças podem significar várias coisas, como aumento ou diminuição de liquidez no sistema bancário, aumento do risco percebido pelos bancos, etc. 

Servir para contratos de derivativos

Ademais, contratos de derivativos, como swaps e futuros de DI, negociados na B3 (Bolsa de Valores do Brasil), também usam essa taxa.

Esses instrumentos permitem que empresas e instituições financeiras se protejam contra variações nas taxas de juros, gerenciando melhor seus riscos.

Influenciar taxas de juros

Outro ponto interessante é que ela também influencia as taxas de juros cobradas em empréstimos e financiamentos.

Bancos e outras instituições financeiras usam a Taxa DI como base para determinar as condições de crédito oferecidas a seus clientes. 

Como a taxa di é calculada?

Coleta de dados

O primeiro passo para calcular esse índice é coletar os dados das operações de Depósito Interbancário que as instituições financeiras registradas na CETIP realizam.

A CETIP aplica critérios de filtragem para garantir que apenas as operações relevantes sejam incluídas no cálculo e não considera todas as transações registradas.

Ou seja, transações que não atendem a determinados requisitos de valor mínimo ou que apresentam características atípicas são excluídas.

Cálculo da taxa média

Com os dados filtrados, a CETIP calcula a taxa média das operações de depósito interbancário.

Ajustes e publicação

Depois, a CETIP realiza ajustes finais para garantir a precisão do indicador e aí sim, divulgar oficialmente os números, disponibilizando-os para o mercado.

É importante ressaltar que para que a taxa seja divulgada diariamente, deve-se ocorrer ao menos 100 negociações e o volume delas deve ser de pelo menos R$30 bilhões. 

Quais fatores influenciam a taxa DI?

Política monetária

A política monetária do Banco Central é um dos principais fatores que influenciam a Taxa DI.

Como a taxa Selic tem uma relação direta com esse índice quando o Copom altera a Selic, isso afeta imediatamente as condições de crédito e liquidez no sistema financeiro. 

Ou seja, um aumento na Selic geralmente eleva a Taxa DI, e vice-versa. 

Além disso, o Bacen também pode intervir diretamente no mercado interbancário para influenciar esse índice. Por exemplo, comprando ou vendendo títulos para ajustar a quantidade de dinheiro em circulação.

Condições de liquidez

Do ponto de vista financeiro, liquidez refere-se à acessibilidade de um investimento.

A liquidez é importante não apenas para investimentos de rendas variáveis, tais como imóveis e ações, como também para investimentos de renda fixa, previdência privada e títulos públicos.

Quando há excesso de liquidez, ou seja, quando os bancos tem mais dinheiro do que precisam para operar qualitativamente, esse índice tende a cair e vice-versa.

Por isso, a gestão da liquidez pelos bancos e pelo Banco Central é importante para manter a estabilidade do indicador.

Risco de crédito

Em períodos de crise, o risco de inadimplência aumenta, o que leva os bancos a exigir taxas de juros mais altas para compensar o maior risco, o que eleva o índice,

Condições internacionais

Eventos e condições econômicas internacionais também podem afetar esse índice.

Fatores como a política monetária de outros países, especialmente dos Estados Unidos. Um aumento, por exemplo, nas taxas de juros dos EUA pode atrair investimentos para lá, diminuindo a liquidez no Brasil e aumentando a Taxa DI.

Demanda por crédito

Quando a demanda por empréstimos entre os bancos é alta, a Taxa DI tende a subir, e vice-versa. 

Como a taxa DI afeta os investimentos?

Renda fixa

A Taxa DI é um dos principais benchmarks para investimentos em renda fixa no Brasil. Como mencionamos, produtos como CDBs, LCIs e LCAs geralmente têm a rentabilidade atrelada à Taxa DI.

Ou seja, quando a Taxa DI aumenta, a rentabilidade desses produtos também tende a subir e vice-versa.

Fundos DI

Os fundos DI são uma categoria de fundos de investimento que buscam acompanhar a variação da Taxa DI. 

Eles aplicam majoritariamente em títulos públicos federais e outros ativos de baixo risco que rendem próximo à Taxa DI, e por isso, o resultado deles está muito ligado às mudanças nela.

Da mesma forma que na renda fixa, quando a Taxa DI aumenta, a rentabilidade desse fundo também tende a subir e vice-versa.

Por isso, investidores que buscam uma opção de baixo risco e liquidez geralmente consideram os fundos DI uma escolha interessante, especialmente em um cenário de taxas de juros ascendentes.

Crédito privado

Os investimentos em crédito privado, como debêntures e notas promissórias, também sofrem influência da Taxa DI. 

Esses títulos de dívida corporativa geralmente oferecem prêmios de risco sobre a Taxa DI para compensar os investidores pelo risco de crédito assumido. 

Impacto no mercado de ações

A Taxa DI também afeta o mercado de ações, mas de maneira mais indireta.

Uma Taxa DI alta geralmente implica um custo de oportunidade maior para os investidores, que podem preferir os rendimentos garantidos da renda fixa em vez do risco associado às ações, reduzindo a demanda por ações e, consequentemente, criando uma pressão negativa sobre seus preços.

Investimentos atrelados à taxa DI

Certificados de Depósito Bancário (CDBs)

Os CDBs são um dos investimentos mais comuns atrelados à Taxa DI. Emitidos por bancos, eles funcionam como um empréstimo que o investidor faz à instituição financeira, recebendo em troca uma remuneração que pode ser pré-fixada, pós-fixada ou híbrida. 

Ele funciona de maneira bem simples, inicialmente, o investidor adquire um CDB depositando um montante específico em uma instituição financeira que emitiu esse título.

Esse valor é emprestado ao banco por um determinado período de tempo, estabelecido no momento da aplicação, e em troca desse empréstimo, o banco se compromete a remunerar quem investiu, com juros ao longo da vigência do título.

Nos CDBs pós-fixados, a rentabilidade é geralmente expressa como um percentual da Taxa DI, como 100% do DI, 110% do DI, etc. Isso significa que o retorno do investimento vai acompanhar a variação da Taxa DI durante o período do investimento.

Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e do Agronegócio (LCAs)

As LCIs e as LCAs são títulos de renda fixa isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas, e assim como os CDBs, também podem ter sua rentabilidade atrelada a esse índice. Quando isso acontece, a remuneração do investimento é se dá de maneira semelhante ao CDB.

Apesar de parecer um nome confuso, as LCs funcionam basicamente a partir de um empréstimo. Como é de conhecimento geral, uma das grandes atividades de um banco é o empréstimo de capital para seus clientes. E portanto, existem diversas maneiras pelas quais uma instituição financeira pode captar recursos para fornecer esses empréstimos. 

Uma delas é por meio da venda de títulos de crédito nos quais investidores aplicam dinheiro, e em troca recebem esse valor de volta depois de um tempo x acrescido de juros. A LC é um desses tipos de títulos de crédito disponibilizados pelos bancos. Ao comprá-la, o investidor está emprestando dinheiro para o banco que, por sua vez, irá fazer um segundo empréstimo, seja para o setor imobiliário, seja para o setor agrícola.

Fundos DI

Fundos DI, como já falamos, são fundos de investimento que acompanham a variação da Taxa DI, investindo predominantemente em títulos públicos federais e outros ativos de baixo risco atrelados ao DI. 

Debêntures

Debêntures são títulos de dívida emitidos por empresas como uma forma de obter financiamento.  Quando você investe em debêntures, está emprestando dinheiro para a empresa emissora, que concorda em pagar juros periódicos como compensação pelo empréstimo. Esses juros são uma maneira de atrair investidores e recompensá-los pelo risco assumido.

Ademais, o funcionamento das debêntures é relativamente simples. Imagine que uma empresa precisa de dinheiro para expandir seus negócios, e em vez de recorrer a um empréstimo bancário, ela emite os títulos no mercado financeiro.

Os investidores interessados compram esses títulos, efetivamente emprestando dinheiro à empresa, e em troca, ela se compromete a pagar juros em intervalos predefinidos, geralmente a cada semestre.

E embora possam oferecer diferentes tipos de remuneração, muitas debêntures têm sua rentabilidade atrelada à Taxa DI, + um prêmio de risco. 

Por exemplo, uma debênture pode pagar DI + 2%, onde o retorno do investimento será a Taxa DI acrescida de 2% ao ano. 

Certificados de operações estruturadas (COEs)

Os Certificados de Operações Estruturadas combinam características de renda fixa e variável, oferecendo retornos atrelados a diferentes índices, incluindo a Taxa DI. Um COE atrelado ao DI significa que o retorno do dinheiro investido será acrescido de um percentual da variação da Taxa DI.

Qual a diferença entre CDI, Selic e IPCA?

O que é o CDI?

O Certificado de Depósito Interbancário (CDI) é um título privado emitido por bancos para empréstimos de curto prazo entre instituições financeiras.

Esses empréstimos servem para garantir que os bancos cumpram suas exigências diárias de caixa. A taxa do CDI, conhecida como taxa DI, é usada como referência para diversas aplicações financeiras, como CDBs, LCIs e fundos de investimento.

A taxa DI acompanha de perto a taxa Selic, pois os bancos utilizam títulos públicos para lastrear essas operações. Como resultado, quando a Selic sobe ou cai, o CDI tende a seguir o mesmo movimento.

O que é a Selic?

A Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e influencia o custo do crédito e a rentabilidade de aplicações financeiras.

A Selic é dividida em duas variações: Selic Meta e Selic Over. A Selic Meta é o valor estabelecido pelo Copom como referência para a economia, enquanto a Selic Over reflete as operações diárias com títulos públicos. Investimentos como Tesouro Selic e alguns fundos de renda fixa são diretamente afetados por essa taxa.

Quando a Selic aumenta, o crédito fica mais caro, reduzindo o consumo e a inflação. Quando cai, o crédito fica mais barato, estimulando a economia.

O que é o IPCA?

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o indicador oficial da inflação no Brasil. Ele é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e mede a variação dos preços de bens e serviços consumidos pelas famílias.

O IPCA considera uma cesta de produtos e serviços, como alimentação, habitação, transporte e saúde. A variação do índice impacta diretamente o poder de compra da população e a política monetária do Banco Central.

Quando o IPCA sobe acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), o Banco Central pode elevar a Selic para conter a inflação. Se o IPCA está abaixo da meta, a Selic pode ser reduzida para estimular a atividade econômica.

Diferenças entre CDI, Selic e IPCA

O CDI é uma taxa de referência para investimentos e empréstimos entre bancos. A Selic é a taxa básica de juros da economia, usada pelo Banco Central para controle da inflação. O IPCA mede a variação dos preços ao consumidor e reflete a inflação.

Enquanto CDI e Selic são taxas relacionadas ao mercado financeiro, o IPCA tem impacto no poder de compra e no custo de vida da população. Além disso, a Selic influencia tanto o CDI quanto o IPCA, pois sua variação afeta o custo do crédito e as políticas de controle inflacionário.

Como saber qual é a taxa DI?

A taxa DI é divulgada diariamente por diversas instituições financeiras e órgãos reguladores. As principais fontes para acompanhar essa taxa incluem:

  • Banco Central do Brasil (BCB): O site do Banco Central disponibiliza informações sobre o mercado financeiro, incluindo taxas de juros e índices de referência.
  • B3 (Bolsa de Valores do Brasil): A B3 divulga diariamente a taxa DI, pois é responsável pela liquidação das operações interbancárias.
  • Plataformas de investimento: Corretoras e bancos disponibilizam a taxa DI em seus sites e aplicativos, especialmente para investidores que aplicam em produtos atrelados a essa taxa.
  • Noticiários financeiros: Veículos especializados em economia frequentemente publicam a taxa DI e sua variação ao longo do tempo.

Como interpretar a taxa DI?

A taxa DI é expressa em percentual ao ano e é usada como referência para diversas aplicações financeiras, como CDBs, LCIs, LCAs e fundos de renda fixa. Quando a taxa DI está alta, os rendimentos desses investimentos tendem a ser maiores. Quando está baixa, os ganhos se reduzem.

Investidores que aplicam em produtos indexados ao CDI devem acompanhar essa taxa regularmente para entender o impacto sobre seus rendimentos. A taxa DI também influencia o custo do crédito, pois está diretamente relacionada ao custo dos empréstimos entre bancos.

Como usar a taxa DI para tomar decisões de investimentos?

Comparação entre renda fixa e variável

A taxa DI pode ser usada para avaliar se a renda fixa está mais vantajosa do que a renda variável em determinado período.

Quando a taxa DI está alta, os rendimentos dos investimentos atrelados a ela também sobem, tornando a renda fixa mais atrativa. Já quando está baixa, pode ser necessário buscar alternativas de maior risco para obter retornos mais elevados.

A comparação entre a taxa DI e o desempenho da bolsa de valores ajuda a determinar se vale a pena manter recursos em renda fixa ou migrar para ativos mais voláteis, como ações e fundos imobiliários.

Escolha de investimentos em renda fixa

Investimentos de renda fixa costumam oferecer retornos atrelados à taxa DI. O percentual pago sobre o CDI varia de acordo com o tipo de produto e o prazo da aplicação.

  • CDBs e LCIs/LCAs: Esses produtos costumam oferecer um percentual do CDI, como 90%, 100% ou até mais. Quanto maior o percentual, maior será o rendimento.
  • Fundos DI: São fundos de investimento que aplicam em ativos atrelados à taxa DI. Quanto maior a taxa DI, melhor tende a ser a rentabilidade desses fundos.
  • Tesouro Selic: Embora a rentabilidade seja baseada na Selic, esse título acompanha de perto a taxa DI, pois ambas as taxas têm comportamentos semelhantes.

Ao avaliar produtos de renda fixa, é importante considerar a taxa DI do momento e a expectativa para os próximos meses. Se houver tendência de alta, aplicações com liquidez diária podem ser interessantes para capturar possíveis aumentos na rentabilidade.

Se houver previsão de queda, investimentos prefixados podem garantir taxas mais vantajosas.

Avaliação do custo de oportunidade

A taxa DI também ajuda a medir o custo de oportunidade entre diferentes investimentos. Se um ativo de maior risco não oferece uma rentabilidade significativamente superior à taxa DI, pode não ser vantajoso alocar recursos nele.

Por exemplo, se um investimento de renda variável tem um retorno esperado de 8% ao ano, mas ela está em 12% ao ano, a renda fixa pode ser a melhor opção, já que oferece maior previsibilidade e segurança. Esse tipo de análise ajuda a tomar decisões sobre a diversificação da carteira.

Impacto da taxa DI no crédito e na economia

A taxa DI influencia o custo do crédito, o que pode afetar indiretamente os investimentos. Quando a taxa DI está alta, os juros de empréstimos e financiamentos sobem, reduzindo o consumo e o crescimento das empresas. Isso pode impactar negativamente a bolsa de valores e favorecer investimentos de renda fixa.

Quando ela cai, o custo do crédito diminui, incentivando o consumo e os investimentos produtivos. Esse cenário pode ser favorável para ativos de renda variável, pois empresas tendem a ter melhores resultados em períodos de crédito mais barato.

Conclusão

Assim, a Taxa DI é um indicador importante no mercado financeiro, que reflete as taxas de juros praticadas nas operações de empréstimo entre instituições financeiras. 

Ela serve como referência para vários produtos de renda fixa e é um componente importante na formação de preços de vários instrumentos financeiros. 

Nesse sentido, dominar o conceito e o cálculo da Taxa DI permite uma melhor compreensão da sua influência sobre diferentes tipos de investimentos. Seja para aplicar em CDBs, fundos DI, etc, conhecer a Taxa DI ajuda a otimizar estratégias de investimento e gestão financeira.

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