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O que é um credor e suas funções no mercado financeiro?

  • Lislye Viana 
  • 13 min read

O credor é quem concede crédito, seja um banco, uma empresa ou um investidor. 

Ele empresta dinheiro, bens ou serviços esperando receber de volta dentro de um prazo combinado. Esse papel é essencial para o funcionamento do mercado financeiro e está presente em diversas situações do dia a dia.

Mas como um credor decide para quem emprestar? Quais critérios ele usa para avaliar riscos e definir condições? Entender essas funções ajuda a compreender melhor o acesso ao crédito e suas implicações para empresas e consumidores.

Neste artigo, vamos explorar o que é um credor, como ele atua e por que seu papel é tão relevante no sistema financeiro.

O que é um credor?

O credor é qualquer entidade ou indivíduo que concede crédito a outra parte, esperando receber o pagamento dentro de um prazo combinado. 

Esse crédito pode assumir diferentes formas, como empréstimos em dinheiro, venda de bens ou serviços a prazo e financiamentos. 

Assim, o credor estabelece as condições da transação, incluindo valores, prazos e possíveis garantias para reduzir o risco de inadimplência.

Classificação dos credores

Os credores podem ser classificados de diferentes maneiras, dependendo da natureza da relação financeira. 

Um credor pode ser uma instituição financeira, como bancos e cooperativas de crédito, que oferecem financiamentos a empresas e consumidores. 

Também pode ser uma empresa que vende produtos ou serviços de forma parcelada, assumindo o risco de não receber o pagamento integral. 

Além disso, investidores que compram títulos de dívida, como debêntures ou letras de crédito, também são considerados credores, pois fornecem recursos a empresas ou ao governo em troca de um rendimento futuro.

Tipo de garantia exigida 

Outra distinção importante entre credores está no tipo de garantia exigida. 

Credores garantidos têm alguma forma de proteção para recuperar os valores devidos, como imóveis ou veículos que podem ser tomados em caso de inadimplência.

Ademais, já os credores quirografários não têm essa proteção, dependendo apenas da capacidade de pagamento do devedor.

Assim, essa diferença influencia diretamente as taxas de juros e as condições dos contratos, uma vez que o risco de não recebimento é maior para quem não exige garantias.

Como se dá o relacionamento entre credor e devedor?

O relacionamento entre credor e devedor é formalizado por contratos que detalham todas as condições do crédito. 

Esses documentos especificam prazos, valores, taxas de juros, forma de pagamento e penalidades em caso de atraso.

Assim, dependendo da legislação aplicável, as partes podem ajustar os contratos para atender regras específicas de proteção ao consumidor ou normas do mercado financeiro.

O que é um devedor?

O devedor é a pessoa física ou jurídica que assume uma obrigação financeira perante um credor. 

Essa relação ocorre quando um indivíduo ou empresa recebe um valor, bem ou serviço sem pagamento imediato, comprometendo-se a quitar a dívida em um prazo determinado. 

O compromisso pode envolver juros, garantias e outras condições definidas em contrato.

Classificação dos devedores

Os devedores podem ser classificados de diferentes maneiras. 

Assim, um critério de distinção envolve a presença ou ausência de garantias. Devedores de crédito garantido oferecem bens ou direitos como forma de assegurar o pagamento, como ocorre em financiamentos imobiliários e contratos de leasing. 

Já os devedores sem garantia não possuem bens vinculados ao crédito, sendo avaliados apenas com base na capacidade de pagamento e no histórico financeiro.

Quais são as funções do credor?

O credor tem o papel de fornecer crédito a indivíduos, empresas ou instituições que necessitam de recursos para consumo, investimento ou manutenção de operações

Essa atividade envolve a disponibilização de capital sob determinadas condições, incluindo prazos, taxas de juros e garantias. 

Além disso, o credor desempenha outras funções que garantem o equilíbrio da relação financeira e a sustentabilidade do mercado de crédito.

Análise de risco

Uma das funções mais importantes do credor é a análise de risco. 

Antes de conceder crédito, ele avalia a capacidade de pagamento do devedor, considerando fatores como histórico financeiro, nível de endividamento, renda e garantias oferecidas. 

Assim, essa avaliação pode ser feita com base em dados internos, consultas a bureaus de crédito e modelagens estatísticas que estimam a probabilidade de inadimplência. O objetivo é reduzir perdas e definir condições adequadas para cada operação.

Definição das condições de pagamento

Outra função do credor é a definição das condições de pagamento. Isso inclui a determinação de prazos, taxas de juros e eventuais garantias exigidas. 

Os termos do crédito variam conforme o perfil do devedor, o tipo de crédito concedido e o nível de risco envolvido.

Além disso, operações com maior incerteza tendem a ter taxas mais altas e exigências mais rigorosas, enquanto clientes com histórico confiável podem obter condições mais vantajosas.

Monitoramento e cobrança

O credor também exerce a função de monitoramento e cobrança. 

Após a concessão do crédito, ele acompanha o cumprimento dos pagamentos, identificando atrasos e riscos de inadimplência. 

Esse acompanhamento pode ser feito por meio de notificações periódicas, sistemas de alerta e contato direto com os devedores. 

Quando ocorrem atrasos, o credor pode adotar medidas como a renegociação da dívida, a cobrança administrativa ou, em última instância, a execução de garantias e ações judiciais para recuperar os valores devidos.

Gestão da carteira de crédito 

A gestão da carteira de crédito é outra atividade relevante. 

Credores que operam com múltiplos clientes precisam equilibrar os riscos e retornos de suas operações, garantindo que a inadimplência não comprometa a liquidez e a rentabilidade. 

Para isso, podem diversificar os perfis de clientes, ajustar critérios de concessão de crédito e utilizar estratégias de securitização para transferir parte do risco a terceiros.

Estruturação de produtos financeiros 

Além dessas funções, o credor pode atuar na estruturação de produtos financeiros voltados à concessão de crédito. 

Bancos e instituições financeiras desenvolvem linhas de financiamento específicas para diferentes segmentos, como crédito imobiliário, financiamento estudantil e capital de giro para empresas. 

Essas opções são formatadas de acordo com as necessidades dos tomadores e as condições do mercado.

Qual a diferença entre ser devedor e estar inadimplente?

O termo “devedor” se refere a qualquer pessoa física ou jurídica que tenha assumido uma obrigação financeira perante um credor. 

Esse compromisso pode estar relacionado a empréstimos, financiamentos, compras parceladas, contratos de prestação de serviços ou qualquer outra forma de crédito. 

O devedor, ao assumir essa obrigação, compromete-se a cumprir os pagamentos dentro dos prazos e condições estabelecidos no contrato. 

Enquanto os pagamentos estiverem sendo realizados conforme acordado, a condição de devedor não implica qualquer irregularidade.

Estar inadimplente, por outro lado, significa que o devedor deixou de cumprir sua obrigação dentro do prazo estabelecido.

A inadimplência ocorre quando o pagamento não é feito na data prevista, podendo gerar consequências como cobranças adicionais, incidência de juros, restrições ao crédito e até mesmo ações judiciais. 

O período de atraso para que a dívida seja considerada inadimplida pode variar conforme o contrato e a legislação aplicável.

Em alguns casos, um pequeno atraso pode ser resolvido com a cobrança de multa e juros, enquanto dívidas mais longas podem resultar em medidas mais severas por parte do credor.

Todo devedor está inadimplente?

Não! Enquanto os pagamentos forem realizados dentro dos prazos combinados, a pessoa ou empresa continua sendo devedora sem qualquer restrição.

O devedor pode ter diversas obrigações financeiras em andamento, como um financiamento imobiliário de longo prazo ou um parcelamento de compras, sem que isso represente qualquer problema. Essa condição faz parte das dinâmicas do crédito e do planejamento financeiro.

A inadimplência, por sua vez, pode resultar de diferentes fatores. 

Algumas pessoas ou empresas enfrentam dificuldades financeiras inesperadas, como perda de renda, aumento de despesas ou problemas operacionais, que dificultam o cumprimento das obrigações. 

Outras podem ter dificuldades na organização financeira, acumulando dívidas além da capacidade de pagamento. 

Além disso, erros administrativos, como esquecimentos e falhas no processamento de pagamentos, também podem levar ao não cumprimento dos prazos.

Quais são as consequências de estar inadimplente?

As consequências de estar inadimplente vão além da cobrança de encargos financeiros. 

Muitos credores reportam a inadimplência a instituições de proteção ao crédito, o que pode dificultar a obtenção de novos empréstimos e financiamentos. 

Dependendo da gravidade da situação, a dívida pode ser levada a protesto, resultando em restrições que afetam outras operações financeiras, como a abertura de contas e a participação em contratos de aluguel. 

Empresas inadimplentes podem enfrentar dificuldades na obtenção de crédito com fornecedores e instituições financeiras, prejudicando suas operações.

O que acontece se o devedor não pagar o credor?

Quando um devedor deixa de cumprir sua obrigação financeira dentro do prazo estabelecido, uma série de consequências pode ocorrer, dependendo do contrato firmado, do tipo de crédito concedido e das ações adotadas pelo credor.

O processo de cobrança e as penalidades aplicáveis variam conforme a legislação vigente e os termos do contrato, podendo envolver encargos financeiros adicionais, restrições ao crédito, medidas administrativas e, em casos mais graves, ações judiciais.

Incidência de encargos

O primeiro efeito imediato do não pagamento é a incidência de encargos sobre o valor devido. 

Multas, juros de mora e correção monetária são cobrados de acordo com as condições estabelecidas no contrato. 

Em muitos casos, a inadimplência também gera custos administrativos adicionais, como taxas de cobrança e notificações extrajudiciais. 

O acúmulo desses encargos pode aumentar significativamente o valor total da dívida, dificultando ainda mais a regularização da pendência.

Processo de cobrança

Após o vencimento do débito, o credor geralmente inicia um processo de cobrança. 

As primeiras tentativas costumam ser notificações amigáveis, como e-mails, mensagens e telefonemas, buscando um acordo para a quitação da dívida. 

Caso o pagamento não seja regularizado, o credor pode recorrer a empresas especializadas em cobrança, que intensificam as tentativas de contato e podem oferecer alternativas de renegociação para facilitar o pagamento.

Registro da dívida em órgãos de proteção ao crédito

Se a inadimplência persistir, o credor pode registrar a dívida em órgãos de proteção ao crédito, como SPC e Serasa. 

Esse registro restringe o acesso a novas linhas de crédito e pode impactar outras operações financeiras do devedor. 

Com o nome negativado, o devedor pode enfrentar dificuldades para obter financiamentos, realizar compras parceladas e até mesmo contratar serviços que exigem análise de crédito, como telefonia e aluguel de imóveis.

Adoção de medidas legais para recuperar o valor devido

Dependendo do valor e da natureza da dívida, o credor pode adotar medidas legais para recuperar o valor devido. 

O protesto em cartório é uma das opções utilizadas para formalizar a inadimplência e aumentar a pressão sobre o devedor. 

Esse procedimento gera restrições adicionais e pode dificultar transações comerciais e bancárias. 

Em casos mais severos, o credor pode ingressar com uma ação judicial para cobrar a dívida. 

Se a decisão for favorável ao credor, o devedor pode ser obrigado a pagar o débito por meio de penhora de bens ou bloqueio de valores em conta bancária.

Retomada do bem pelo credor

Quando a dívida envolve garantias, como financiamentos de imóveis ou veículos, o não pagamento pode resultar na retomada do bem pelo credor. 

O processo de execução dessas garantias segue regras específicas e pode levar à perda definitiva do bem financiado. 

No caso de fiadores, estes também podem ser acionados para arcar com a dívida caso o devedor principal não efetue o pagamento.

Afetação da relação do devedor com instituições financeiras e fornecedores

Além das implicações financeiras e legais, a inadimplência pode afetar a relação do devedor com instituições financeiras e fornecedores. 

Clientes com histórico de não pagamento podem enfrentar restrições na obtenção de crédito no futuro, mesmo após regularizarem a dívida. 

Assim, algumas empresas adotam políticas de crédito mais rígidas para clientes que já tiveram registros de inadimplência, aplicando taxas de juros mais altas ou exigindo garantias adicionais para aprovar novos financiamentos.

Como deixar de ser devedor?

Ter clareza sobre todas as dívidas existentes

Sair da condição de devedor exige planejamento, disciplina e uma série de ações para reorganizar as finanças. O primeiro passo é ter clareza sobre todas as dívidas existentes. 

Fazer um levantamento detalhado, listando valores, taxas de juros, prazos e credores, ajuda a entender a situação atual e definir uma estratégia para a quitação dos débitos.

Avaliar a capacidade de pagamento

Após identificar todas as obrigações financeiras, é necessário avaliar a capacidade de pagamento. 

Isso envolve calcular a renda disponível, os gastos fixos e variáveis e identificar possíveis ajustes no orçamento. 

Reduzir despesas não essenciais pode liberar recursos para o pagamento das dívidas. 

Assim, em alguns casos, cortar custos temporariamente pode ser necessário para acelerar a regularização financeira.

Renegociação das dívidas

A renegociação das dívidas é uma alternativa para facilitar o pagamento. Muitos credores oferecem condições especiais para quem busca regularizar pendências, como parcelamentos, descontos em juros e prazos estendidos. 

Contatar os credores e buscar acordos pode tornar a dívida mais administrável, reduzindo o impacto no orçamento. 

Além disso, algumas instituições promovem feirões de renegociação, onde é possível encontrar condições mais favoráveis.

Priorizar o pagamento das dívidas mais caras

Outra possibilidade é priorizar o pagamento das dívidas mais caras, aquelas com juros mais altos, como o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito. 

Essa estratégia reduz o crescimento da dívida ao longo do tempo.

Assim, se houver dívidas com valores menores e mais fáceis de quitar, eliminá-las primeiro pode ajudar a reduzir o número de compromissos financeiros e liberar recursos para outras obrigações.

Gerar renda extra 

Gerar renda extra também pode acelerar o processo de quitação das dívidas. 

Trabalhos temporários, venda de itens que não são mais utilizados ou a oferta de serviços por meio de plataformas digitais são algumas das possibilidades para aumentar os recursos disponíveis. 

Ademais, qualquer valor adicional pode ser direcionado ao pagamento das dívidas para reduzir o tempo necessário para sair da condição de devedor.

Evitar novas dívidas 

Evitar novas dívidas durante o processo de regularização financeira é essencial. 

O uso consciente do crédito, evitando parcelamentos desnecessários e compras por impulso, ajuda a manter o controle sobre o orçamento. 

Além disso, revisar contratos e entender bem as condições de pagamento antes de assumir um novo compromisso financeiro pode prevenir novas dificuldades.

Conclusão

Portanto, o credor tem um papel central no mercado financeiro, pois fornece recursos para pessoas e empresas que precisam de capital. 

Seja por meio de empréstimos, financiamentos ou fornecimento de bens e serviços a prazo, sua atuação mantém a circulação de crédito e possibilita diversas transações econômicas.

Assim, além de conceder crédito, o credor também acompanha o pagamento das dívidas, avalia riscos e pode adotar medidas para garantir o recebimento dos valores devidos.

Ademais, isso inclui a análise de garantias, a renegociação de dívidas e, em casos de inadimplência, o acionamento de mecanismos legais para recuperação do crédito.

Por fim, compreender o papel do credor e suas funções ajuda a entender melhor as relações de crédito e a importância da gestão financeira responsável. 

Assim, tanto credores quanto devedores precisam agir com planejamento e compromisso para manter a saúde financeira e evitar problemas no futuro.

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