Pular para o conteúdo

Verticalização das cidades: o que é, vantagens e desvantagens

Em um contexto global de urbanização crescente e de transformações acentuadas no espaço das cidades, destaca-se a verticalização das cidades brasileiras, que alteram substancialmente sua configuração.

A verticalização das cidades tem se tornado uma tendência mundial. Com a construção de prédios cada vez mais altos, a verticalização urbana, como também é conhecida, é considerada por especialistas um caminho sem volta, principalmente no Brasil que possui a quarta maior população urbana do mundo.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a estimativa da população do Brasil chegou a marca de 212 milhões de habitantes em 5.570 municípios,

Conforme as Nações Unidas, mais da metade da população mundial vive em áreas urbanas hoje; número que deve aumentar para 66% até 2050. 

O processo de verticalização urbana, inerente às grandes cidades brasileiras, aparece como principal elemento de diversificação do espaço. E existe uma forte discussão sobre isso. Algumas delas são: a verticalização traz mais benefícios ou prejuízos para a sociedade? Qual o seu impacto sobre as cidades?

Neste texto você vai descobrir:

O que é verticalização das cidades?

Quais são as vantagens e desvantagens da verticalização urbana?

Como ocorre a expansão das cidades no mundo?

A verticalização nas cidades brasileiras

O que é verticalização das cidades?

Segundo Mendes (1992), “o processo de verticalização, é apreendido como processo de construção de edifícios de quatro pavimentos ou mais.” Ainda conforme a definição de Mendes, no tocante à verticalização das cidades, sua “produção e apropriação de diferentes formas de capital, aliado às inovações tecnológicas, alteram a paisagem urbana”.

Portanto, a verticalização urbana constitui-se num estágio avançado de apropriação do solo urbano, o que representa mudanças sociais e econômicas. 

Para muitos, a verticalização das cidades pode ser vista como uma solução para a falta de território urbano que, não tendo mais por onde se expandir horizontalmente acaba indo para cima.

Porém, o processo de verticalização, assim como os empreendimentos horizontais, representa, sobretudo, uma forma de apropriação do capital do espaço urbano.

Segundo Souza (1994, p. 135) “a verticalização é o resultado da multiplicação do solo urbano (…) provavelmente a resultante no espaço produzido de uma estratégia entre múltiplas formas de capital – fundiário, imobiliário e financeiro, que cria o espaço urbano”.

Segundo Ramires (1997) “verticalizar significa criar solos, sobrepostos, lugares devida dispostos em andares múltiplos, possibilitando, pois, o abrigo em um local determinado, de maiores contingentes populacionais do que seria possível admitir em habitações horizontais e, por conseguinte valorizar e revalorizar estas áreas urbanas pelo aumento potencial de aproveitamento”.

É importante destacar que “o processo de verticalização foi viabilizado devido ao:

  • descoberta de novos materiais;
  • invenção do elevador;
  • equacionamento de problemas técnicos da atividade construtiva.

Continue a leitura e entenda como a verticalização, apesar de ser um tabu para muitos, tem impactos significativos nas cidades.

Verticalização urbana: vantagens e desvantagens

Consequência inevitável do avanço imobiliário, a verticalização das cidades traz diversos impactos na sociedade. Ainda não existe uma resposta fácil para conciliar as demandas práticas da sociedade atual com as da sustentabilidade, por exemplo. O que faz com que alguns especialistas defendem a verticalização e outros não.

Isso quer dizer que os focados na resolução dos problemas urbanos, sociais e econômicos, defendem o adensamento das cidades, inclusive através da verticalização.  Outros, porém, defendem a ideia de que é um mero instrumento de imposição de força econômica e de especulação.  

Quais são as vantagens da verticalização urbana?

É importante observarmos que a verticalização pode trazer várias vantagens para as grandes cidades, como exemplo: evitar a impermeabilização do solo, que pode prejudicar o ciclo natural da água.

A valorização das cidades é, também, um dos principais motivos para a verticalização dos empreendimentos, por permitir que o custo dos terrenos sejam rateados por um número maior de empresas imobiliárias, além de possibilitar a democratização do espaço urbano.

O próprio mercado imobiliário sustenta o princípio do adensamento, dizendo que é a maneira mais moderna e sustentável para morar.

Outro ponto a respeito das edificações verticais, é que elas são mais bem planejadas e podem ser mais duradouras que construções horizontais erguidas com pouco critério; com um impacto ambiental positivo a ser levado em conta.

Porém, para viabilizar o adensamento, o planejamento urbano é fundamental.

Quais são as desvantagens da verticalização urbana?

A verticalização das cidades, por outro lado, pode trazer alguns problemas também. A infraestrutura urbana tem que ser muito mais capilarizada, elevando seus custos de implantação e manutenção e, é claro, trazendo problemas como:

  • maior consumo de energia;
  • aumento dos níveis de poluição;
  • piores condições higiênico-sanitárias;
  • poluição estética;
  • congestionamentos do sistema viário, com efeitos no sistema de transporte coletivo;
  • saturação no sistema de abastecimento de água tratada;
  • sobrecarga na coleta de lixo domiciliar, entre outras coisas.

Além disso, se a verticalização ocorrer sem planejamento adequado pode gerar o fenômeno da “ilha de calor” – em que as áreas urbanas ficam com temperaturas acima das zonas rurais mais próximas – e, também, pode provocar a canalização de ventos.

Como ocorre a expansão das cidades no mundo?

Uma cidade tem três maneiras para expandir: expandir horizontalmente, construir novas cidades, expandir verticalmente. A expansão horizontal a partir de seu epicentro foi por muito tempo a natureza básica do crescimento da cidade.

Recorde-se de Nova York, em 1898, que expandiu para se tornar a atual Grande Nova York, uma megacidade. Cidades na Índia, como Delhi, Mumbai, expandiram para criar Nova Mumbai, Nova Delhi e assim por diante. 

Já a segunda: construir novas cidades, evidencia a construção de cidades inteligentes em torno dos cidadãos e de suas necessidades. É o caso de duas cidades em Marrocos: Casablanca e Rabata.

Agora, a urbanização vertical tem sido uma abordagem de diversos países do mundo, como é o caso da China, que adotou agressivamente essa abordagem para gerenciar suas cidades em crescimento. Hoje, a China possui o maior número de edifícios altos do mundo, superando os EUA.

Verticalização das cidades no Brasil

Se formos avaliar o contexto histórico no Brasil, a verticalização das cidades aparece como uma das principais formas de apropriação do espaço urbano. E é um processo comumente apontado como solução aos problemas de moradia popular.

Observe que, entre os anos 1950 e 2010, o Estado foi o agente que mais injetou capital no processo de urbanização do país. Basta lembrar o papel do Banco Nacional de Habitação (BNH) e da Caixa Econômica Federal através do Programa Minha Casa, todos amparados pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH).

Somente entre 2000 e 2010, o número de apartamentos no Brasil passou de 4,3 milhões para 6,1 milhões, um crescimento de 43% em uma década. 

Neste período, houve uma ampliação considerável da demanda por terrenos e imóveis. Isso ocorreu devido à:

  • ampliação dos investimentos na área da construção civil;
  • facilidades de crédito;
  • expansão de prazos para financiamentos habitacionais.

A implementação de programas sociais, direcionados à questão da moradia, contraditoriamente, contribuem para o aquecimento do mercado imobiliário, pelo qual podemos observar dois pontos:

  • a proliferação de investimentos em unidades habitacionais para atender a demanda da classe média;
  • e  um meio para “esterilização de capitais”, sobretudo para o chamado capital financeiro volátil.

Sendo assim, fica claro que a verticalização urbana não é uma vilã, e pode ser a uma “boa saída” para as grandes cidades.

A verticalização das cidades faz um melhor uso do espaço urbano

Vimos até aqui que a verticalização das cidades representa um avanço na forma de construir e, claramente, afeta a dinâmica de acumulação e reprodução do capital nos setores da construção civil e do mercado imobiliário.

O processo de verticalização se constitui num processo que resulta da produção do espaço urbano, e permite uma otimização no uso da infraestrutura urbana. Além disso, a verticalização urbana impôs uma nova forma de ver e morar nas cidades.

Por outro lado, a verticalização também provoca alguns problemas como a questão da sustentabilidade e poluição, por exemplo, o que torna absolutamente imperativo que a verticalização seja muito bem planejada.

De fato, a verticalização é um caminho sem volta, traz inúmeros benefícios, mas exige planejamento. No que se refere a esse processo de verticalização, ele torna os imóveis um investimento muito mais seguro.

Como já discutimos em outros textos aqui no blog da INCO,  o mercado imobiliário é um terreno fértil para investimentos. E, uma vez que o processo de verticalização é resultado deste crescimento, se aventurar nesse mercado pode ser super lucrativo.

1 comentário em “Verticalização das cidades: o que é, vantagens e desvantagens”

  1. Bom! Vou escrever como leigo olhando o ponto de vista das classes “baixas”.
    60% da população mundial não tem renda para morar em prédios (condomínios). Elas estão cada vez mais sendo empurradas para as periferias ou espaços sem valor imobiliário.
    Então, concluo, que o ideal é que qualquer planejamento urbano contemple as duas pontas. Periferias espraiadas e bem organizadas e centros ou bairros comerciais verticalizados para quem pode pagar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.