Risco operacional é um tipo de risco que afeta empresas e investidores, relacionado a falhas em processos internos, sistemas, pessoas ou fatores externos. Ele pode causar prejuízos financeiros mesmo em operações que, tecnicamente, estariam bem planejadas.
Esse risco está presente em diversas atividades do mercado financeiro e pode se manifestar de várias formas, como erros humanos, problemas tecnológicos ou fraudes. Por isso, compreender suas características é essencial para quem busca estabilidade na gestão de recursos.
Assim, neste artigo, você vai entender o que caracteriza o risco operacional, quais são seus principais exemplos e de que forma é possível reduzir seus impactos na sua carteira de investimentos.
O que é risco operacional?
Risco operacional é a possibilidade de perdas financeiras decorrentes de falhas em processos internos, erros humanos, defeitos em sistemas ou eventos externos.
Ele difere de riscos como o de crédito ou o de mercado porque não está relacionado diretamente à inadimplência ou às oscilações de preços de ativos, mas sim ao funcionamento da estrutura operacional da organização ou da atividade de investimento.
Esse risco está presente em qualquer empresa ou instituição financeira, independentemente do porte ou segmento. Ele pode ocorrer tanto em tarefas rotineiras quanto em processos mais complexos, envolvendo diversas áreas da organização.

Classificação do risco operacional
Falhas de processos internos
Uma das principais classificações do risco operacional está relacionada a falhas em processos internos. Isso inclui procedimentos mal documentados, ausência de padronização, erros de execução ou processos manuais com baixa supervisão. Tais falhas comprometem a qualidade da operação e dificultam a identificação de desvios. Muitas vezes, esses problemas estão ligados à falta de políticas claras ou à ausência de revisões regulares nas rotinas da empresa.
Assim, essas falhas também abrangem lacunas em controles internos, como a inexistência de conciliações, segregação inadequada de funções ou controle ineficiente de documentos e dados. A repetição desses erros pode gerar perdas financeiras, atrasos e problemas com órgãos reguladores.
Erro humano
O erro humano é outra categoria relevante dentro do risco operacional. Ele pode ocorrer em diversas etapas de uma operação, desde a digitação de informações até decisões equivocadas baseadas em interpretação incorreta de dados. A recorrência desses erros está frequentemente associada à ausência de treinamentos ou ao excesso de tarefas atribuídas a um mesmo profissional.
Portanto, mesmo com o avanço tecnológico, o fator humano continua sendo uma das principais fontes de risco nas instituições. O impacto de um erro humano depende do grau de responsabilidade envolvido e da capacidade da organização de identificar e corrigir falhas rapidamente.
Falhas em sistemas e tecnologia
A classificação de risco operacional também inclui falhas nos sistemas utilizados pelas instituições. Isso envolve interrupções, falhas de comunicação entre plataformas, perda de dados e ataques cibernéticos. Um sistema instável pode comprometer negociações, atrasar processos e afetar a segurança das informações.
Além disso, a dependência de fornecedores externos de tecnologia aumenta o risco, pois a empresa fica sujeita a falhas fora do seu controle direto. A falta de atualização de sistemas e a ausência de políticas de contingência agravam esse tipo de risco.
Fraudes e má conduta
Outra categoria importante é a relacionada a fraudes e má conduta, tanto interna quanto externa. Funcionários podem realizar ações que violam regras internas para obter ganhos pessoais ou favorecer terceiros. Já fraudes externas incluem tentativas de manipular sistemas, roubo de dados ou acessos indevidos por agentes não autorizados.
Esse tipo de risco exige mecanismos de monitoramento e investigação permanentes. A implementação de auditorias, revisão de autorizações e estímulo à denúncia anônima são formas de mitigar esse problema.
Eventos externos
Por fim, o risco operacional também pode ser classificado com base em eventos externos, como desastres naturais, falhas no fornecimento de energia, greves ou interrupções em serviços públicos. Esses eventos, embora fora do controle da empresa, devem ser considerados na gestão de risco, principalmente em setores que dependem de infraestrutura contínua.
Assim, a preparação para esses eventos passa pela construção de planos de continuidade de negócios e testagem de respostas a situações críticas. Essa abordagem busca reduzir a exposição e acelerar a recuperação das operações.

Tipos de riscos operacionais
Fraude
Fraudes estão entre os principais tipos de risco operacional enfrentados por instituições de diferentes setores. Elas podem ocorrer tanto internamente, por parte de colaboradores, quanto externamente, por terceiros que buscam explorar falhas nos controles.
Internamente, isso pode envolver manipulação de registros, desvio de recursos, uso indevido de informações ou ações em benefício próprio sem o conhecimento da empresa. Já as fraudes externas envolvem ações como invasão de sistemas, falsificação de documentos, roubo de identidade ou engenharia social.
Ademais, a identificação de fraudes exige sistemas de monitoramento constantes, revisão de processos e aplicação de medidas disciplinares. Além disso, a promoção de uma cultura de conformidade e ética contribui para inibir esse tipo de conduta. Auditorias independentes e canais de denúncia também são utilizados como ferramentas preventivas.
Falhas de segurança
As falhas de segurança representam outro tipo relevante de risco operacional. Elas se referem à vulnerabilidade física ou digital que permite o acesso não autorizado a informações ou sistemas.
Exemplos incluem invasões cibernéticas, exposição de dados confidenciais, perda de dispositivos com informações sensíveis ou acesso indevido a áreas restritas.
Assim, essas falhas podem comprometer tanto a operação quanto a reputação da organização, além de gerar penalidades legais quando há violação de normas de proteção de dados. A prevenção passa pela implementação de políticas claras de acesso, autenticação multifator, criptografia de dados e atualização periódica dos sistemas de segurança.
Falhas humanas
Como mencionamos, as falhas humanas estão ligadas a erros cometidos por pessoas nas atividades diárias da operação. Podem incluir digitação incorreta de dados, execução de processos fora do padrão, falha no cumprimento de prazos ou decisões baseadas em interpretação errada de informações.
Essas falhas geralmente ocorrem por falta de capacitação, sobrecarga de trabalho ou ausência de supervisão adequada.
Ademais, mesmo com a adoção de tecnologias, a atuação humana continua sendo necessária, o que mantém esse risco relevante. O treinamento contínuo, a revisão de procedimentos e a estruturação de rotinas de conferência ajudam a reduzir a ocorrência desse tipo de falha.
Falhas nos sistemas
Falhas nos sistemas referem-se a interrupções, erros de funcionamento ou problemas de integração entre as ferramentas tecnológicas utilizadas pela empresa.
Elas podem causar paralisações, perda de dados, execução incorreta de operações ou falhas na comunicação entre departamentos. Essas ocorrências afetam diretamente a continuidade dos processos e, em muitos casos, são identificadas somente após prejuízos operacionais.
Assim, a mitigação desse risco depende da manutenção preventiva dos sistemas, do uso de backups regulares, da escolha de fornecedores confiáveis e da realização de testes frequentes. Também é importante dispor de um plano de contingência para garantir a continuidade das atividades diante de falhas inesperadas.
Deficiência de estruturas
A deficiência de estruturas refere-se à ausência ou inadequação de recursos organizacionais necessários para sustentar as operações. Isso pode envolver falhas na definição de processos, ausência de políticas internas claras, carência de pessoal qualificado, limitações na infraestrutura física ou tecnológica e lacunas nos mecanismos de controle e supervisão.
Esse tipo de risco operacional tende a se manifestar de forma gradual, refletindo-se em retrabalho, baixa eficiência, atrasos, falhas de conformidade e dificuldade para responder a eventos inesperados.
Quando os papéis e responsabilidades não estão bem distribuídos ou os sistemas não são compatíveis com a demanda da operação, há um aumento considerável na probabilidade de erros.
Ademais, a prevenção passa por planejamento estrutural consistente, avaliação periódica da capacidade organizacional e investimentos em governança e tecnologia.
Também é necessário revisar os fluxos de trabalho com regularidade, adaptando-os às mudanças no ambiente interno e externo, garantindo assim um nível adequado de suporte às atividades da empresa.

Risco operacional nas instituições financeiras
Particularidades do setor financeiro
O risco operacional em instituições financeiras possui características específicas devido à natureza das suas atividades. Essas instituições lidam com grandes volumes de transações, regras regulatórias rígidas e diversas interfaces com o sistema financeiro nacional e internacional. Pequenos erros ou falhas podem se propagar com rapidez e causar impactos relevantes.
Além disso, a complexidade dos produtos oferecidos e dos processos internos aumenta o potencial de falhas humanas, tecnológicas e de processos. A dependência de sistemas integrados também representa um fator de risco, especialmente em ambientes que operam continuamente, com baixa margem para interrupções.
Fontes de risco operacional
As fontes mais comuns de risco operacional no setor incluem falhas em sistemas de pagamento, problemas nos controles de acesso e autenticação, fraudes internas e externas, e erros de processamento de operações. A atuação de terceiros, como fornecedores de tecnologia e correspondentes bancários, também representa uma fonte potencial.
Assim, outro fator relevante é o volume de dados sensíveis tratados por essas instituições. A proteção de informações e a integridade dos registros são essenciais para a operação, o que exige políticas de segurança bem definidas, atualizações constantes de software e equipes capacitadas para lidar com tentativas de violação.
Papel da regulação
A regulamentação desempenha papel central na gestão do risco operacional pelas instituições financeiras. O Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários, por exemplo, exigem políticas formais de gestão de riscos, mecanismos de controle interno e relatórios periódicos sobre eventos operacionais relevantes.
Essas normas não apenas padronizam práticas, mas também estimulam a adoção de estruturas voltadas para a prevenção e mitigação de falhas. O cumprimento regulatório está diretamente ligado à reputação e à continuidade do negócio.
Estratégias de prevenção
Entre as medidas adotadas pelas instituições estão o mapeamento de processos, auditorias internas, testes de contingência, capacitação de equipes e implantação de sistemas de monitoramento. A criação de comitês de risco e a separação de funções críticas também são práticas comuns.
Essas estratégias visam não só identificar e reduzir as falhas, mas também estabelecer planos de ação em caso de incidentes, garantindo maior capacidade de resposta. A gestão de risco operacional se insere em um esforço mais amplo de controle e supervisão das atividades financeiras.
Consequências de falhas operacionais
Os efeitos de um risco operacional não tratado podem incluir perdas financeiras, interrupção de serviços, autuações por órgãos reguladores e perda de confiança por parte de clientes e investidores. Em casos mais graves, podem comprometer a solvência da instituição.
Por isso, o gerenciamento estruturado desse tipo de risco é tratado como um componente essencial da governança. A análise contínua de indicadores e a atualização de políticas são medidas fundamentais para manter a operação dentro de padrões aceitáveis de segurança e eficiência.

Como minimizar o risco operacional na carteira de investimentos?
Escolha de instituições confiáveis
A seleção de instituições intermediadoras é uma das primeiras decisões que afetam o risco operacional. Corretoras, bancos e plataformas precisam apresentar histórico sólido, estrutura adequada, e estar devidamente reguladas pelos órgãos competentes. A avaliação de aspectos como atendimento, estabilidade dos sistemas e clareza na prestação de contas é parte do processo de controle de risco.
Assim, ao optar por instituições que operam com boas práticas, o investidor reduz a chance de enfrentar problemas como falhas na execução de ordens, inconsistências na custódia de ativos ou indisponibilidade das plataformas nos momentos de maior movimentação.
Verificação de sistemas e plataformas
As ferramentas utilizadas para acessar o mercado também impactam o risco operacional. Sistemas instáveis, lentos ou com falhas recorrentes representam pontos de vulnerabilidade. A instabilidade pode dificultar a execução de ordens ou levar a erros de comunicação com o mercado.
Ademais, o investidor deve acompanhar o desempenho das plataformas com frequência, atualizá-las quando necessário e contar com canais alternativos para operar, como atendimento por telefone em casos de pane tecnológica.
Revisão das rotinas operacionais
Muitos erros operacionais decorrem de práticas mal estruturadas. Operações inseridas com valores errados, compra e venda fora dos horários previstos ou falta de conferência nos dados são exemplos comuns. Estabelecer uma rotina disciplinada, com conferência prévia de ordens e avaliação sistemática do portfólio, pode reduzir significativamente a chance de falhas.
Assim, o uso de checklists para ordens mais complexas e o hábito de revisar os extratos e notas de corretagem contribuem para detectar inconsistências rapidamente.
Diversificação de ativos e prazos
A concentração de investimentos em poucos ativos ou prazos muito semelhantes amplifica o impacto de falhas operacionais. Um erro em uma única posição pode comprometer uma parcela relevante do capital investido. A diversificação ajuda a diluir esse risco, ao espalhar a exposição entre diferentes emissores, setores e vencimentos.
A diversificação não elimina o risco operacional, mas reduz sua capacidade de comprometer a totalidade da carteira.
Uso de ferramentas de segurança
O controle de acesso às plataformas e contas deve ser tratado com atenção. Utilizar autenticação em dois fatores, senhas fortes e sistemas atualizados são formas de proteger as operações. Também é recomendável evitar o uso de redes públicas ao acessar contas de investimento e manter dispositivos protegidos contra vírus e programas maliciosos.
Ademais, boa parte dos eventos operacionais com prejuízo decorrem de acessos indevidos a contas de terceiros, muitas vezes facilitados por negligência com ferramentas de proteção.

Capacitação e atualização constante
Assim, investidores que operam por conta própria devem manter um mínimo de formação sobre os produtos, regras de negociação e funcionamento das plataformas. A falta de conhecimento básico contribui para decisões equivocadas, perda de prazos e erros de digitação ou interpretação.
Por fim, participar de cursos, ler materiais atualizados e consultar fontes confiáveis faz parte da manutenção de uma prática segura. Operar sem compreender os instrumentos utilizados eleva o risco operacional mesmo em ambientes tecnicamente seguros.
Conclusão
Assim, o risco operacional está relacionado a falhas em processos, sistemas, pessoas ou eventos externos que podem impactar as operações de uma organização ou o desempenho de uma carteira de investimentos. Compreender esse tipo de risco é essencial para identificar vulnerabilidades e buscar formas de controle.
Ademais, a prevenção passa por medidas como padronização de processos, uso de tecnologia adequada, capacitação de equipes e monitoramento constante. No campo dos investimentos, a escolha de plataformas confiáveis e a diversificação também podem reduzir a exposição a esse tipo de risco.
Portanto, mesmo não sendo possível eliminar completamente o risco operacional, é viável reduzir seus efeitos. Adotar práticas de gestão e controle adequadas contribui para manter maior estabilidade nas atividades e proteger os resultados esperados.
