O risco de crédito é uma questão muito importante para instituições financeiras e investidores. Ter uma noção clara da possibilidade de que um tomador de crédito não consiga cumprir suas obrigações financeiras, em um mercado super competitivo, se tornou essencial não apenas para ganhar e manter clientes como também, para aumentar seus lucros.
Compreender como o risco de crédito funciona é fundamental para avaliar a segurança de um investimento ou de um empréstimo, e por isso fizemos esse artigo! Nele vamos te explicar tudo que você precisa saber para avaliar os riscos envolvidos em cada operação, e o mais importante: te ajudar a mitigar os possíveis problemas decorrentes deles.
Vamos lá?
O que é o risco de crédito?
Basicamente, risco de crédito é a possibilidade de um tomador não conseguir cumprir suas obrigações financeiras conforme acordado, resultando em prejuízo para o credor.
Quando uma instituição financeira ou investidor concede um empréstimo, ou faz um investimento em títulos de dívida, há uma expectativa de que o tomador devolva o valor emprestado, acrescido de juros, dentro do prazo estipulado. Porém, várias coisas podem impedir isso de acontecer, como mudanças nas condições econômicas, dificuldades financeiras da pessoa que pegou o dinheiro emprestado, etc.
Como funciona a gestão de risco de crédito?
A gestão de risco de crédito é o processo pelo qual as instituições financeiras e empresas identificam, avaliam, monitoram e mitigam o risco de que alguém que pegou dinheiro emprestado, não consiga eventualmente pagá-lo de volta. Esse processo é muito importante justamente para garantir que as operações de crédito sejam realizadas da maneira mais segura possível, minimizando a possibilidade de prejuízo.
Mas como é feito todo o processo? Bom, vamos dividir a explicação em algumas etapas.
Identificação do risco
A primeira etapa é a identificação do risco. Nesse momento, quem está emprestando o dinheiro vai entender quem é a pessoa que está pegando o dinheiro emprestado, seu histórico de crédito, condições econômicas do país, etc. Nesse processo, também se identifica o tipo de crédito que está sendo solicitado, prazo de pagamento e as garantias oferecidas.
Avaliação do risco
Nesse momento, geralmente se usam modelos estatísticos e técnicas analíticas para prever a probabilidade de inadimplência do tomador, como o credit scoring, um método que atribui uma pontuação ao tomador com base em vários fatores, como histórico de pagamento, nível de endividamento, etc.
Monitoramento de risco
Essa etapa, geralmente mais longa, envolve observar o comportamento do tomador de crédito e das condições que podem afetar a capacidade dele realizar o pagamento.
Mitigação de risco
Aqui, o objetivo é reduzir ao máximo a exposição ao risco identificado, através por exemplo, da diversificação de carteira, garantias, seguros de crédito, etc. Além disso, outro aspecto importante na mitigação do risco é a estruturação adequada dos contratos de crédito. Ou seja, definição de cláusulas claras para renegociação, e em caso de dificuldades financeiras do tomador, prever mecanismos de compensação, como a cobrança de juros mais altos em caso de atraso nos pagamentos.
C’s do crédito
Os “C’s do crédito” são critérios usados por instituições financeiras para avaliar a concessão de crédito. Esses critérios ajudam a entender se um tomador conseguirá pagar o empréstimo em dia ou não, o que minimiza o risco de prejuízos no processo.
Caráter
O primeiro dos C’s é o caráter, ou seja, a reputação que quem deseja pegar o dinheiro emprestado tem no que tange a responsabilidade e compromisso em pagar dívidas passadas.
Esse C é avaliado por meio do histórico de crédito do tomador, ou seja, um bom histórico de crédito indica que a pessoa geralmente é responsável em relação às suas obrigações financeiras, enquanto um histórico de inadimplência pode levantar preocupações sobre a sua confiabilidade.
Capacidade
O segundo C é capacidade. Este critério vai avaliar a habilidade financeira de quem deseja pegar o dinheiro emprestado de cumprir suas obrigações de pagamento. Para isso, quem empresta analisa a renda ou receita do tomador, nível de endividamento atual e outras obrigações financeiras que ele possa ter.
Capital
O terceiro C é o capital. Este C representa os ativos que o tomador possui que podem servir enquanto garantias para o credor. Para pessoas físicas, isso pode incluir poupanças, investimentos, propriedades, etc. Para empresas, isso pode se referir ao patrimônio líquido.
Colateral
Colateral é o quarto C e se refere aos ativos que a pessoa que está pegando dinheiro emprestado oferece como garantia. Isso pode ser qualquer ativo de valor, como imóveis, veículos ou equipamentos, etc.
Condição
Como penúltimo C, temos a condição. Esse critério leva em conta o ambiente econômico e as condições específicas que podem afetar a capacidade da pessoa de de pagar suas dívidas. Questões como a estabilidade econômica, taxas de juros vigentes, o setor de atuação da empresa (no caso de crédito empresarial), etc.
Confiança
O último “C”, é a confiança. Este critério é mais subjetivo e se refere à confiança que o credor tem no tomador de crédito com base em relações passadas ou na reputação geral.
Levar em conta cada um desses itens na hora de avaliar a concessão de crédito é o ponto inicial para uma boa tomada de decisão. Não foque apenas nos elementos isolados sem entender todo o contexto!
Quais são os desafios mais comuns na gestão de risco de crédito?
Na gestão de risco de crédito, existem alguns desafios que podem dificultar o processo de análise. Entre os desafios mais comuns estão o armazenamento de dados, a dificuldade na emissão de relatórios, a falta de flexibilidade nos processos e a ausência de automação, e por isso, vamos falar um pouco sobre cada um deles e como você pode diminuí-los.
Armazenamento de dados
O armazenamento de dados é um dos principais desafios. Se os dados estão mal organizados, sem sistematização, ou de forma errada, é difícil analisar com clareza o risco de crédito envolvido em cada operação.
Além disso, o volume crescente de dados, combinado com a necessidade de armazená-los de maneira segura e organizada, pode ser um obstáculo grande! Muitas instituições enfrentam dificuldades em manter uma infraestrutura de TI capaz de suportar a quantidade e a complexidade dos dados necessários para análises aprofundadas.
Dificuldade na emissão de relatórios
A emissão de relatórios também apresenta desafios significativos, especialmente quando os dados não estão organizados corretamente. O processo de consolidação de dados provenientes de várias fontes, análise desses dados e produção de relatórios compreensíveis pode ser complexo e demorado.
A ausência de ferramentas de relatórios adequadas pode resultar em informações incompletas ou desatualizadas, comprometendo a capacidade dos gestores de identificar riscos emergentes ou tomar medidas corretivas a tempo.
Além disso, a exigência de conformidade com regulamentações cada vez mais rigorosas aumenta a pressão para que os relatórios sejam não apenas precisos, mas também detalhados e de fácil auditoria.
Falta de flexibilidade
A falta de flexibilidade nos processos de gestão de risco de crédito é outro desafio que as instituições financeiras enfrentam. Os mercados são dinâmicos, o que exige flexibilidade para ajustar pontos com rapidez, porém muitas vezes o que se encontra internamente é o contrário, processos internos rígidos, dificultando a adaptação às mudanças.
Essa inflexibilidade pode levar a uma incapacidade de reagir adequadamente a novas ameaças ou oportunidades, resultando em um aumento do risco de crédito.
Ausência de automação
A automação de processos melhora muito a eficiência operacional e a precisão das avaliações de risco. Porém, muitas instituições ainda dependem de processos muito manuais, que consomem tempo e podem incorrer em erros.
Além disso, a falta de automação pode resultar em atrasos na identificação de riscos e na implementação de medidas que poderiam corrigir os problemas antes de eles se tornarem prejudiciais.
Quais são as consequências de uma má concessão de crédito?
Aumento da inadimplência
O aumento da inadimplência é uma das consequências mais imediatas e lógicas de uma má concessão de crédito. Afinal, quando o crédito é concedido a clientes com pouca capacidade de pagamento, a probabilidade de que ele não pague, é alta.
Desequilíbrio do fluxo de caixa
Outro impacto é o desequilíbrio do fluxo de caixa, elemento fundamental para manter as operações diárias de uma empresa. A falta de recebimentos esperados pode causar um descompasso entre entradas e saídas de recursos, o que pode levar à necessidade de recorrer a empréstimos, aumentando os custos financeiros com juros e afetando a saúde financeira da organização. Além de limitar a capacidade de a empresa investir em novas oportunidades
Redução da competitividade do negócio
A redução da competitividade do negócio é outra consequência preocupante. Empresas que enfrentam problemas financeiros devido à má concessão de crédito podem se encontrar em desvantagem em relação a concorrentes mais sólidos.
Além disso, a reputação da empresa pode ser prejudicada, o que afeta a confiança dos investidores, fornecedores e clientes, e pode resultar em menos participação de mercado, impactando negativamente o crescimento a longo prazo.
Ocorrência de problemas com os clientes
A má concessão de crédito também pode levar à ocorrência de problemas com os clientes. Clientes que não conseguem cumprir com suas obrigações de crédito podem se sentir insatisfeitos ou sobrecarregados, prejudicando o relacionamento com a empresa. Isso pode resultar em reclamações, perda de fidelidade e até mesmo em processos, que além de serem caros, prejudicam a imagem da empresa.
Inchaço da estrutura da empresa
Por fim, o inchaço da estrutura da empresa pode ocorrer como resultado de uma má gestão de crédito. Na tentativa de recuperar créditos concedidos indevidamente, a empresa pode acabar expandindo sua estrutura administrativa e operacional, gerando custos que não estavam previstos antes e impactando ainda mais a rentabilidade da organização.
Quais são os principais fatores de uma boa política de crédito?
A política de crédito é uma prática usada pelas companhias para estabelecer padrões usados no estudo dos clientes, visando gerar mais segurança para o negócio, usando vários métodos para definir quem pode receber o crédito.
Essas políticas são a estrutura da administração de valores a receber e é por ela que se elabora a forma de conceder crédito e são determinados os padrões, como prazos e riscos visando minimizar o risco de crédito. Alguns dos principais fatores que ajudam a fazer uma boa política de crédito são:
Metas do negócio
Toda política de crédito deve estar alinhada com a estratégia geral da empresa, e por isso ela deve ser revisada sempre para garantir que ela continue a fazer isso, especialmente à medida que as condições do mercado e os objetivos mudam.
Capacidade financeira da empresa
Antes de conceder crédito, quem está emprestando o dinheiro deve entender sua própria saúde financeira para determinar quanto risco ela consegue assumir sem comprometer sua estabilidade. Empresas com maior capacidade financeira podem assumir maiores riscos de crédito, enquanto empresas menores não.
Perfil dos clientes
Clientes com um histórico de crédito sólido, como mencionamos, são mais propensos a realizar o pagamento em dia, enquanto clientes com histórico menos sólido, o oposto, e por isso, exigem garantias adicionais ou condições de crédito mais fortes.
Estratégias de implementação, avaliação e acompanhamento
A implementação envolve a comunicação da política a todos os membros da equipe, ou seja, todos devem entender claramente os critérios e procedimentos para conceder ou não o crédito.
Além disso, ferramentas e processos devem ser estabelecidos para avaliar regularmente a eficácia da política e monitorar a qualidade das contas a receber. O acompanhamento permite a identificação mais rápida dos problemas, fazendo com que fazer ajustes nessa política quando necessário seja bem mais fácil!
Conclusão
Entender o risco de crédito é muito importante para qualquer empresa que oferece esse serviço, justamente para evitar prejuízos. O risco de crédito, quando gerenciado de forma eficaz como mencionamos, pode ser muito bem controlado, o que permite que as empresas utilizem o crédito como uma vantagem competitiva, minimizando perdas e maximizando oportunidades!